Alexandra Manes, Dirigente e deputada do BE/Açores

O BE, em visita à ilha das Flores, constatou o desespero em que a população vive, desde a tempestade Efrain que destruiu o que restava do velho molhe do único porto comercial existente na ilha.

Não lhes bastando as incertezas na chegada e descarga do navio e a fragilidade no seu tecido económico, deparam-se agora com a sua utilização como arma de arremesso político, por parte do Governo Regional dos Açores e o Governo da República.

Duarte Freitas, secretário regional das Finanças, em audição na Comissão de Economia, afirmou que, entre as três alternativas existentes, uma é a da suspensão das obras relativas aos danos causados pelo furacão Lorenzo, cuja principal obra é precisamente no Porto Comercial das Lajes das Flores: “Só temos duas alternativas, ou há este esforço da região e da Portos dos Açores para as obras não pararem ou param as obras e esperamos que venha o dinheiro do 2030 e da República. Há uma terceira hipótese que é não vindo do 2030, o Governo da República possa adiantar do Orçamento de Estado como fez em 2019.”, afirmou Duarte Freitas.

Ora, perante estas três alternativas, não podemos, nem devemos omitir, a de suspensão da obra relativa ao porto comercial, pois caso o Governo Regional não o ponderasse, Duarte Freitas não o teria verbalizado, nem o considerado como hipótese.

É grave, muito grave, quando uma população que se encontra distante do restante arquipélago, em que a ilha mais próxima é o Corvo, se depara com a possibilidade de suspensão da obra, que deveria ser prioritária, que permite o abastecimento regular a esta ilha. É, sem dúvidas, uma falta de respeito por parte de quem os deveria salvaguardar.

Se o Governo Regional tem contas a fazer com o Governo da República, que o faça, mas sem utilizar a população residente nesta ilha, nem a obra do porto comercial, como arma de arremesso. Nem as pessoas, nem os comerciantes, nem a ilha, merecem tamanha falta de respeito perante todas as adversidades a que têm sido sujeitos.

O calendário de transferência das verbas pelo Governo da República, que pode e deve ser acelerado, não pode servir para o Governo Regional se desresponsabilizar da realização célere da obra do único porto que permite o abastecimento da ilha das Flores.

Por sua vez, o PSD – maior partido da coligação e que elegeu um deputado pelo círculo eleitoral das Flores, não se fez esperar pela reação à presença do BE nesta ilha, optando por defender Duarte Freitas, tentando esconder o que o seu secretário das Finanças havia dito relativamente à possibilidade de suspensão desta obra.

No entanto, e ao contrário do PSD, que prefere utilizar as pessoas e a obra do Porto Comercial das Lajes das Flores como arma de arremesso político e que apenas fala das Flores para acudir o Governo Regional, o Bloco de Esquerda reassume que a sua preocupação é para com as pessoas residentes nas Flores e o abastecimento a esta ilha.

O Governo Regional perdeu muito tempo a desvalorizar todas as propostas da oposição. Estamos quase no verão. Veremos o futuro muito breve. Ou será que já o estamos a ver?