Bispo de Angra instituiu três seminaristas do 6º ano no ministério de acólito e desafiou-os a viver esta etapa de discernimento vocacional com zelo pelos mais frágeis e não como mero degrau para serem padre.

D. Armando Esteves Domingues afirmou esta manhã, na celebração em que instituiu três seminaristas no ministério do acolitado, no Santuário de Nossa Senhora da Conceição, que o maior ministério dentro da Igreja é o serviço e, por isso, todos os ministérios sejam os que derivam do sacramento da ordem sejam os que derivam do batismo, da confirmação ou do matrimónio, “complementam-se na diversidade”.

“Os diferentes ministérios não estão entre si numa relação de superioridade ou inferioridade, mas sim de complementaridade na diversidade, e no serviço e acolhimento recíprocos”, afirmou lembrando que todos os cristãos pelo batismo irmanam numa “igualdade radical”.

“Na Igreja não bastam ministérios para a sua edificação interior, são precisos ministérios para a sua missão no mundo em ordem a permear de espírito evangélico as realidades do mundo e da sociedade”, afirmou desafiando os sacerdotes “a fazer aparecer nas assembleias litúrgicas a beleza de uma Igreja ministerial, nascida do carisma batismal do Povo de Deus”.

“Mais importante que fazer bem é ajudar duas pessoas a fazê-lo igualmente” disse ao refletir sobre os três ministérios instituídos: leitor, acólito e catequista.

“Precisamos de quem vivendo a palavra e sendo leitor, assuma o ministério de ensinar a ler, meditar e proclamar a Palavra de Deus, também na liturgia; de quem ame e se alimente da oração e sirva ao altar, mas ensine outros a fazer o mesmo, dê catequese e vá envolvendo mais novos para se enamorarem do Evangelho e o partilhem com outros, mais novos ou mais velhos” disse ainda.

“É assim, também para vós, caros Leonel, Rui e André” interpelou o prelado dirigindo-se diretamente aos três novos acólitos, alunos do 6º ano do Seminário Episcopal de Angra e todos naturais de São Miguel.

“Será um passo na vossa caminhada como cristãos, quem sabe a caminho do Ministério Ordenado” disse desafiando os novos acólitos a viverem este ministério laical numa perspetiva de serviço e não de degrau num caminho que os levará à ordenação sacerdotal.

“Vivemos tempos de forte virtualização da vida. Oxalá este ministério não seja algo de virtual ou visto como mero degrau para algo que considerais maior, o ser padre. Servir é o grande Ministério. Mostrai-o!”

“Que o vosso seja também estímulo para que muitos batizados queiram aprofundar os seus conhecimentos e, por amor aos irmãos e às comunidades que servem, possam rapidamente vir a ser instituídos”, disse o bispo de Angra.

“Quem dera que, dentro de pouco tempo, estivéssemos aqui a instituir novos ministros leigos, sobretudo para a coordenação de Leitores, Acólitos e catequistas”, disse ainda.

O bispo de Angra, que começou por saudar todos os ministros ordenados e todos aqueles que vivem uma vida de entrega e de serviço, independentemente da sua vocação ser consagrada ou laical, deixou palavras de encorajamento aos novos acólitos.

“Cada vida é uma história de amor de Deus connosco. Ele tem para todos um desígnio de amor, chamando a uma determinada condição de vida, para que seja, Nele e com Ele, uma forma de dar a vida em serviço aos irmãos”, disse ainda expressando a vontade para que a Igreja seja “um espaço apropriado” para uma caminhada vocacional, seja ao Matrimónio seja a uma vocação de consagração.

A partir da liturgia deste Domingo do Bom Pastor, em que se assinala o Dia Mundial da oração pelas Vocações, D. Armando Esteves Domingues salientou que o importante do chamamento vocacional é a abertura ao Espírito Santo para que “de forma sempre nova” infunda “vigor na vontade” e “ardor no coração” para servir.

“De que grandeza fala Jesus? Aquele que aceita o chamamento para se tornar ministro entre os seus irmãos e irmãs escolheu não mais ser senhor de sua própria vida, mas ser servo, entregando-se a um só Senhor – o

Senhor Jesus Cristo – e dedicando tempo, capacidade e energia para realizar sua vontade”, disse lembrando por outro lado a importância do serviço aos mais frágeis.

“O vosso serviço ao altar – não o esqueçam! – é um serviço que se realiza no momento culminante da vida da Igreja, a Santa Missa, mas este cume é como o cimo de uma montanha: há toda a montanha abaixo do cume, e distribuir, como ajuda ao sacerdote, a quem em primeiro lugar pertence, a comunhão aos fiéis que estão na igreja, pressupõe o serviço prestado aos que não podem ir à igreja, sobretudo idosos, doentes”.

“Aproveitai este ministério para desenvolver o vosso amor e cuidado pelos mais frágeis como uma etapa do vosso discernimento. Não deixeis de visitar estas pessoas, de lhes levar o conforto da visita, da oração feita com eles e de lhes levar o Santíssimo Sacramento”, confortando-os “na solidão e na dor”.

“O vosso serviço continuará no diaconato, mas não esperem até então para o exercitar: realizai-o com cuidado, conscientes de que é um grande ato de caridade”, concluiu.

Já ontem o bispo de Angra tinha presidido à Vigília de Oração pelas vocações na Igreja da Ribeirinha depois de um dia dedicado ao discernimento vocacional promovido no âmbito de um workshop organizado pelo Serviço Diocesano da Pastoral das Vocações e Ministérios.