O deputado e líder do Chega/Açores, José Pacheco, defendeu hoje a criação de uma comissão parlamentar de inquérito às contas do grupo SATA, responsabilizando judicialmente o PS e os seus governos pelas dívidas geradas.
José Pacheco afirmou que o seu partido “exige que se faça uma comissão de inquérito à gestão danosa da SATA”, que gere as duas companhias aéreas açorianas, apontando que a recente auditoria do Tribunal de Contas “mostra que a SATA teve uma gestão danosa, pior do que a gestão do pior café que exista em qualquer ilha”.
O dirigente, que falava em conferência de imprensa, na delegação da ilha de São Miguel do parlamento dos Açores, disse que, “em meia dúzia de anos (2013-2019), conseguiu-se duplicar a divida da SATA, passando de cerca de 200 para 465 milhões de euros”.
Durante o período em apreciação o Governo dos Açores era assumido pelo PS/Açores, que perdeu as eleições para o governo de direita, após 24 anos de governação.
Uma auditoria do Tribunal de Contas às contas do grupo SATA, divulgada quarta-feira, indica que, entre 2013 e 2019, o seu passivo “passou de 199 para 465 milhões de euros e o capital próprio foi sujeito a uma acentuada erosão, atingindo o valor negativo de 230 milhões de euros no final de 2019”.
“Durante todo aquele período, a empresa confrontou-se com uma situação de falência técnica, com o capital próprio negativo a ascender a menos 203,3 milhões de euros no final de 2019”, descreve a auditoria.
O líder do Chega/Açores considerou que esta gestão “é algo absurdo que tem que ter consequências”, tendo salvaguardado que “os açorianos acostumaram-se que sejam desperdiçados os recursos financeiros da região de uma forma irresponsável mas sem qualquer consequência”.
“O PS é o principal partido responsável por esta bandalheira. Não compreendemos que, quem gere mal algo, não possa ser responsabilizado por isso, até judicialmente. Na vida de qualquer açoriano, numa empresa, numa família, as pessoas são responsabilizadas pelos seus atos. Quando falamos de políticos a culpa morre sempre solteira”, afirmou o dirigente do Chega/Açores.
Para o deputado, “quem geriu de forma errada tem que ser responsabilizado judicialmente”.
Uma vez que o Chega/Açores detém apenas um deputado, José Pacheco convida os partidos representados na Assembleia Legislativa Regional “para que deem este passo em frente”.
Em junho, a Comissão Europeia aprovou uma ajuda estatal portuguesa para apoio à reestruturação da companhia aérea de 453,25 milhões de euros em empréstimos e garantias estatais, prevendo ‘remédios’ como uma reorganização da estrutura empresarial, nomeadamente o desinvestimento de uma participação de controlo (51%) na Azores Airlines (companhia aérea do grupo SATA responsável pelas ligações de e para o exterior do arquipélago dos Açores).
A concretizar-se, esta será a segunda comissão de inquérito às contas da SATA, pretendendo o Chega/Açores que sejam averiguadas as contas do grupo desde que há documentos disponíveis.