46ª Sessão Plenária terminou esta quinta-feira com renovado pedido de perdão por parte da Igreja diocesana por “todos os abusos cometidos por membros da Igreja”.

Terminou esta quinta-feira o primeiro Conselho Presbiteral do episcopado de D. Armando Esteves Domingues com o reconhecimento da parte do clero de que é necessária mais formação dos presbíteros e dos leigos, e maiores níveis de corresponsabilidade na Igreja diocesana.

No comunicado final da 46ª sessão plenária deste órgão diocesano, que já não reunia desde 2020, primeiro por causa da pandemia e depois por causa da situação de sede vacante, entre novembro de 2021 até novembro de 2022 , o clero reconheceu a existência de feridas e a necessidade de dar protagonismo aos leigos.

O documento final reconhece a “necessidade urgente de se acabar com o clericalismo nas comunidades, fazendo aparecer uma corresponsabilidade e liderança dos leigos na renovação das paróquias numa organização pastoral nova à base de conselhos pastorais atuantes, de trabalho atual de proximidade com as famílias, grupos bíblicos e com movimentos eclesiais que coloquem em movimento as comunidades”, ressalvando a necessidade “de uma profunda formação laical” e “coordenação pastoral” ao nível da diocese.

No Conselho Presbiteral que decorreu em Ponta Delgada, desde o dia 25 de abril, e que se debruçou especialmente sobre o tema: “O Presbítero numa Igreja toda evangelizadora e missionária”, os sacerdotes reconheceram que “a fraternidade sacerdotal está ferida” tendo sido sugeridas iniciativas concretas que ajudem a ultrapassar as dificuldades. “Ações de formação”, momentos de partilha e “de apoio psicológico nas ouvidorias e Diocese” de forma a “auxiliarem os padres no isolamento em que por vezes se encontram” foram algumas das necessidades apontadas, tendo sido votada por esmagadora maioria a nomeação de um “Vigário Episcopal para o clero”, que coordene a sua formação e promova o seu acompanhamento, com especial atenção à formação dos futuros padres.

Em face da falta de vocações e da diminuição acentuada de seminaristas o tema do próximo Conselho será “o Seminário e as Vocações”.

Embora o tema desta reunião se tenha centrado muito no perfil evangelizador do sacerdote nos tempos atuais, marcados por uma profunda crise vocacional e por um declínio da relevância e confiança na Igreja, em virtude dos casos de abusos de menores, especialmente por parte de membros do clero, os principais responsáveis pelos órgãos diocesanos sublinharam a especial vocação da Igreja na luta contra a pobreza e pelo desenvolvimento humano integral.

“A opção pelos pobres, que é de toda a Igreja Diocesana, deve ser concretizada também, pelos presbíteros verdadeiramente presentes no meio do povo em bom acolhimento, especialmente nestes tempos pós-pandémicos”, lê-se no comunicado final, enviado ao sítio Igreja Açores, reafirmando-se que “a comunicação formativa da doutrina da Igreja em matéria social, é tarefa urgente da Comissão Diocesana Justiça e Paz”.

O clero insistiu, ainda, num pedido de perdão às vítimas de abusos.

“Vivendo este tempo eclesial de purificação e de pedido de perdão por todos os abusos cometidos por membros da Igreja, solidarizamo-nos com as vítimas, apoiando todos os que sofrem”, lê-se no comunicado final.

No final da assembleia, foram dados esclarecimentos e informações pastorais de interesse diocesano e sobre o futuro deste conselho, que termina agora o seu mandato. Foi sugerida, ainda, a constituição de um grupo para atender os desafios pastorais e as propostas para os 500 Anos da Diocese. Houve uma referência especial ao Jubileu da Esperança, a celebrar em toda a Igreja em 2025, e ao Centenário do Concílio Plenário Português(2026).

“Este Conselho alegra-se e reforça a sua sintonia no caminho com todas as Dioceses do nosso País, rumo às Jornadas Mundiais da Juventude em Lisboa, em Agosto próximo, e ao Sínodo a realizar em Roma em Outubro, sobre a sinodalidade” pode ler-se no comunicado final que deixa uma referência aos 50 anos do Movimento da Legião de Maria nos Açores.

Nesta sessão plenária do Conselho Presbiteral, que começou com uma palavra de abertura do bispo diocesano, D. Armando Esteves Domingues e uma apresentação de contas por parte do economato e dos cinco santuários diocesanos, tiveram assento os vigários- geral, judicial e territoriais- , o ecónomo, os ouvidores, os diretores de serviço (eclesiásticos) e comissões diocesanos, o reitor do Seminário Episcopal, um representante dos Movimentos de Apostolado.