Opinião: Rui Teixeira | Recusar empobrecer!

Hoje há Greve Nacional dos Trabalhadores da Administração Pública. Sim, Trabalhadores, e não colaboradores, como alguns tentam chamar. Longe daquela figura dos privilegiados que nos tentam vender, os Trabalhadores da Função Pública são essenciais para manter o País e a Região a funcionar. Na pandemia, ficou bem demonstrado que são essenciais, na Saúde, na Educação, na Justiça, na Limpeza e em tantos outros serviços, que notamos, sobretudo, quando são precisos.

Longe daquela imagem de que trabalham pouco e recebem muito, estes Trabalhadores empobreceram nos últimos anos e, frequentemente, estão sobrecarregados devido à falta de pessoal e de investimento nos serviços. A ausência de aumentos salariais levou ao nivelamento de todos por baixo: independentemente da função, da experiência e da dedicação, a maioria recebe o salário mínimo ou pouco mais. As carreiras foram destruídas, os meios para trabalhar falham, a avaliação é injusta e não valoriza o mérito de cada um, mas sim a apreciação subjetiva das chefias.

Longe de este ser um problema exclusivamente laboral, todos sofremos com esta realidade. Quem vai ao Centro de Saúde, o que ganha em ter Médicos ou Enfermeiros desmotivados sem meios para trabalhar? Quem recorre à Justiça, o que ganha em ter Funcionários Judiciais e Juízes afogados em processos e a trabalhar com material obsoleto?

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Curiosamente, quem tenta vender a ideia de que os Trabalhadores da Administração Pública são privilegiados são aqueles comentadores pagos a peso de ouro para escrever para os jornais ou falar na televisão, quase sempre sozinhos e sem alguém que faça o contraditório. Ou, ainda, quem tem chorudos negócios, mas está sempre à espreita para ver se alarga os seus lucros com uma privatização ao preço da chuva. Regra geral, são aqueles que criticam as 35h na Função Pública, porque defendem o aumento do horário de trabalho, e não a redução para todos. Por isso, fica a questão: quem é, neste sistema económico, verdadeiramente privilegiado: quem tem de fazer Greve para exigir a valorização do seu Trabalho ou quem tem destaque na comunicação social e facilidades generosas nos seus negócios?

Nos dois últimos anos, os lucros, as receitas dos impostos e a especulação bateram todos os recordes. Ao mesmo tempo, o PCP propôs, na Assembleia da República, as soluções para responder às reivindicações dos Trabalhadores – de todos os Trabalhadores! As 35h para todos, defesa da contratação coletiva, aumento dos salários e valorização das carreiras, entre outras: todas propostas chumbadas pela coligação do costume – PS e direita. Aquela direita que grita contra o governo do PS, classificando-o como sendo de esquerda, é a mesma direita que se une ao governo para chumbar as propostas do PCP. A limitação dos preços de um cabaz essencial foi chumbada pelos suspeitos do costume: PS, PSD, IL e chega. Os mesmos que na televisão aproveitam para dizer o contrário daquilo que votam e propõe. E é por todos estes motivos, porque têm de exigir respostas para os seus problemas, que os Trabalhadores da Administração Pública se vêm obrigados à Greve!

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