O secretário regional do Mar e das Pescas dos Açores, Mário Rui Pinho, declinou hoje responsabilidades do Governo Regional em encontrar soluções para o armazenamento de todo o atum que tem sido capturado no mar dos Açores.
“Eu fico muito contente de saber que temos os entrepostos frigoríficos dos Açores cheios! Não tendo capacidade, neste momento, para armazenar mais! Só nos resta pedir aos empresários que façam a concertação do que fazer neste momento, porque o Governo não tem mais capacidade de dar resposta”, admitiu o governante, em declarações aos jornalistas, na cidade da Horta.
Mário Rui Pinho respondia assim às críticas feitas na quarta-feira pelo deputado do PS à Assembleia Legislativa dos Açores, Gualberto Rita, que considerou haver uma “total descoordenação” entre o Governo dos Açores, a Lotaçor, os armadores e a indústria, para tentar resolver o problema da falta de capacidade de armazenamento do atum, que estará a “comprometer a safra”.
“Esta total descoordenação entre o Governo Regional, a Lotaçor, os armadores e a indústria está a comprometer seriamente o armazenamento do pescado e os rendimentos dos pescadores açorianos durante a safra do atum bonito”, lamentou o parlamentar socialista, numa nota informativa enviada às redações.
Para Gualberto Rita, as frequentes contestações dos pescadores açoriana resultam, em grande medida, da “ausência de um planeamento estratégico adequado” e, também, do “desconhecimento generalizado sobre o funcionamento da safra nos Açores”.
O secretário regional do Mar e das Pescas lembra que não é o Governo que tem obrigação de disponibilizar meios para armazenar e congelar todo o pescado capturado nos Açores, e lembrou que “sempre é melhor os entrepostos frigoríficos [estarem cheios], do que estarem vazios”.
“Se nós temos os entrepostos cheios, significa que capturámos muito peixe, significa que fomos capazes de armazenar na totalidade das nossas capacidades. Resta saber se a gestão financeira dos armadores foi bem feita”, frisou o governante.
A bancada do PS no parlamento açoriano entende, porém, que a situação que hoje se vive na região contrasta com anos anteriores, em que, “mesmo com volumes muito superiores de pescado”, foi possível assegurar condições de descarga e escoamento sem as atuais dificuldades.
Mário Rui Pinho disse, por outro lado, ter ficado “perplexo” com as notícias divulgadas pela RTP/Açores sobre a devolução ao mar, por parte dos pescadores da ilha Terceira, de grandes quantidades de alfonsim, alegadamente capturadas acidentalmente, que não chegaram a ser trazidas para terra, para não sobrecarregar as quotas atribuídas àquela espécie.
O titular da pasta do Mar nos Açores admite não ter gostado de ver peixe morto a boiar em águas açorianas e adiantou que a Inspeção Regional das Pescas (IRP) “não terá outra alternativa”, a não ser abrir um inquérito aos armadores envolvidos.
“Fazer a demonstração pública de matéria de pesca ilegal é confrangedor. Os senhores armadores sabem que é proibido, por regulamento comunitário, as rejeições ao mar, e, portanto, [ao] demonstrá-lo só estão a pedir que a Inspeção Regional das Pescas abra um inquérito”, frisou o governante.
Mário Rui Pinho admite que a pesca acidental é um problema difícil de resolver, tanto nos Açores como no resto da Europa, por causa das limitações impostas pelas quotas, e sugeriu, por isso, que o peixe fosse utilizado para alimentação ou para isco, mas nunca deitado fora.