No último fim de semana, chegou ao fim a época desportiva dos clubes de hóquei em patins da ilha de São Miguel, com o HC Ponta Delgada a deslocar-se a Murches/Cascais para enfrentar o GDS Cascais. O empate que conseguiram no Continente refletiu o espírito lutador que marcou a atuação do HC PDL durante toda a temporada, culminando num respeitável 6.º lugar na classificação final.
A equipe, com um desempenho equilibrado de 10 vitórias, 5 empates e 11 derrotas, contabilizou 96 golos marcados e 82 sofridos. Isso demonstra não só a qualidade competitiva, mas também uma notável resiliência. É importante ressaltar que todo esse percurso foi realizado com um elenco totalmente composto por jogadores naturais e residentes em São Miguel, o que destaca uma aposta firme no talento local. Além disso, o clube tem investido na integração de jovens da sua formação, como é o caso do jovem Rodrigo Pimentel, que se revelou uma grata surpresa. Embora ainda não tenha sido uma opção inicial, mostrou sinais de maturidade sempre que teve a oportunidade, marcando até um golo na partida contra o Criar-T na 24.ª jornada.
No ataque, Pedro Soares foi o artilheiro do HC PDL, anotando 31 golos, enquanto Carlos Guimarães o seguiu de perto com 28. Ambos se tornaram pilares da equipe, não apenas pelos golos, mas também pela experiência e confiança que transmitem aos companheiros. Francisco Freitas, fruto da formação do clube e atual capitão, também se destacou ao marcar 16 golos e evidenciar uma clara evolução ao longo da época. O trabalho do treinador Herberto Rezendes, uma figura conhecida no desporto, foi crucial para o sucesso da equipe. Também é importante mencionar Sandro Melo, cuja dedicação e espírito de equipe foram essenciais a cada jogo.
No que diz respeito à disciplina, o HC Ponta Delgada terminou a época com 14 advertências, 23 cartões azuis e 2 vermelhos – números que refletem a intensidade da competição, mas que merecem uma reflexão para ajustes futuros.
Por outro lado, o Marítimo SC não conseguiu se manter na 2.ª Divisão Nacional. Apesar do esforço e da tentativa de se adaptar ao intenso ritmo competitivo, a equipe somou apenas 18 pontos (5 vitórias, 3 empates e 18 derrotas), marcando 71 golos e sofrendo 133. A baixa produtividade na 1.ª volta, onde apenas conseguiu um empate contra o UF Entroncamento, comprometeu suas chances de permanência. O treinador Júlio Soares tentou implementar um estilo de jogo adequado à divisão, mas os resultados demoraram a aparecer. Contudo, a atitude e o compromisso da equipe foram inegáveis.
No aspeto humano e logístico, é essencial destacar o trabalho do diretor Mário Vieira e do coordenador Liberal Carreiro, que se esforçaram para garantir que a equipe tivesse as condições mínimas para competir com dignidade. Individualmente, o destaque vai para Octávio Zangheri “Kochi”, o melhor marcador do Marítimo SC com 19 golos, seguido por João Silva (17) e Vicente Correia (12). Em termos disciplinares, a equipe registou 18 advertências e 22 cartões azuis, sem cartões vermelhos.
Por fim, é impossível encerrar esta análise sem mencionar um tema preocupante: os atrasos nos apoios financeiros por parte da entidade que regula o desporto regional. Os pagamentos fora de prazo prejudicam gravemente o planeamento das épocas desportivas, levando os clubes a se endividarem para garantir a mínima estabilidade. Para clubes insulares que já enfrentam desafios logísticos, isso é um fator penalizador que precisa ser urgentemente corrigido. Esperamos que, na próxima época, as entidades competentes atendam às necessidades dos clubes e atletas, para que o desporto açoriano, especialmente o hóquei em patins, continue a crescer com base no talento local e numa estrutura de apoio sólida e previsível.