Opinião: Joaquim Machado | Heranças

Diz o ditado que “dívidas e pecados, cada um paga pelos seus”. Infelizmente, na política não é bem assim. Como nalgumas famílias, a má gestão ou a contração de dívida pública, mesmo em se tratando de dívida boa, são pagas por quem vem depois. Há heranças destas, também na política e nos Açores.

No último ano, o Governo de Bolieiro pagou 197 milhões de euros do processo de reestruturação da SATA e mais 22 milhões de passivos da Lotaçor e da Conserveira Santa Catarina.

Ou seja, do aumento da dívida bruta em 2021 e 2022, no total de 617 milhões de euros, cerca de 390 milhões resultam da assunção de dívidas da SATA, reforço do respetivo capital, avales concedidos e devolução de ajudas ilegais concedidas pelo anterior governo socialista.

Contas feitas, a pesada herança dos governos socialistas soma cerca de 430 milhões de euros só no agravamento da dívida pública em 2021 e 2022. Já para não falar do chamado serviço da dívida, isto é, dos juros e amortizações relativos a empréstimos feitos no passado e que importam todos os anos em dezenas de milhões de euros. Além disso, em 2021 e 2022, o total da despesa resultante da pandemia da COVID-19 foi de 174 milhões de euros, uma despesa extraordinária e que, esperamos, não se repetirá nos próximos anos.

Não sendo tudo isto coisa pouca, muito pelo contrário, esta semana o dr. Cordeiro lembrou-se, ou alguém o instigou, de falar na dívida, imagine-se, contraída pelo Governo da Coligação. Para o PS, no passado, o crescimento da dívida pública era inofensivo. Hoje, o descaramento político parece não ter limites.

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