O presidente da Câmara de Comércio de Angra do Heroísmo (CCAH), Marcos Couto, considerou hoje que o estudo sobre os transportes marítimos de carga nos Açores é um “bom começo”, mas há outros problemas a resolver.

“Encarar o estudo como a panaceia para a resolução de todos os problemas do transporte marítimo parece profundamente errado, desde logo porque, seja qual for o modelo que vier a ser escolhido, não existe forma objetiva e concreta de fazermos uma fiscalização e fazermos com que os armadores cumpram com aquilo que está estabelecido”, afirmou Marcos Couto, em declarações aos jornalistas, na Praia da Vitória.

Segundo um comunicado divulgado pelo Governo Regional (PSD/CDS/PPM), na quinta-feira, a comissão técnica independente criada para avaliar o estudo sobre o transporte marítimo de mercadorias nos Açores defendeu a realização de uma escala semanal em todas as ilhas, a par de um reforço das ligações com o continente.

As conclusões da comissão sobre o estudo foram apresentadas na quarta-feira, pelo executivo açoriano, às câmaras de comércio dos Açores e aos operadores portuários.

Citada na nota, a secretária regional do Turismo, Mobilidade e Infraestruturas, Berta Cabral, apontou para a necessidade de garantir que a evolução do processo se baseia “numa melhoria contínua, sem disrupções, com uma mudança gradual, racional e segura”, que “não coloque em causa o abastecimento a nenhuma ilha dos Açores em nenhum momento”.

Questionado hoje sobre o estudo, o presidente da associação empresarial das ilhas Terceira, Graciosa e São Jorge disse que “é um bom começo e nada mais do que isso”.

“É importante começarmos a definir que modelo queremos em termos de como é que as mercadorias chegam aos Açores, por onde entram e por onde saem. É importante que tenhamos esse princípio assente, agora não é mais do que isso, um princípio”, salientou.

Segundo Marcos Couto, “há uma quantidade de assuntos que têm de ser resolvidos”, como “a questão da gestão portuária, as tarifas, a questão da pilotagem” ou “o desenvolvimento do mercado interno”, aos quais o estudo “não dá respostas”.

“O estudo indica caminhos, mas agora preocupa-me que se comece a olhar para este estudo como a resolução de todos os problemas”, frisou.

O empresário alertou, por exemplo, para a falta de fiscalização do serviço prestado, alegando que “a câmara de comércio desde 2016 que vem apresentando queixas sucessivas ao IMT [Instituto da Mobilidade e dos Transportes] pelos atrasos que têm existido e nunca nada se alterou”.

“Estamos num mercado em que não há qualquer interferência da parte do Governo dos Açores, não temos forma nenhuma de controlar e fiscalizar se os armadores cumprem ou não com essas obrigações. Essa é uma responsabilidade do IMT e sobre o IMT o Governo Regional não tem qualquer possibilidade de exercer influência”, sublinhou.

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