O BE/Açores lamentou hoje que a coligação de direita e o PS estejam a centrar o debate para as legislativas regionais num “passa-culpas” e associou a essa postura uma incapacidade dos partidos em apresentar resultados positivos da sua governação.
“Nesta campanha, nós temos ouvido muitas críticas de parte a parte, mas temos ouvido muito poucas propostas. E ao longo das semanas de pré-campanha – já nem falo da campanha, porque ela vai a meio – ouvimos, principalmente da parte da coligação de direita e do Partido Socialista, uma espécie de passa-culpas, tentando cada um mostrar quem teve os piores resultados da governação”, afirmou o coordenador regional do Bloco de Esquerda e cabeça de lista pelos círculos de São Miguel e da compensação.
Deste modo, acrescentou António Lima, a coligação PSD/CDS-PP/PPM (no poder desde 2020) e o PS (que esteve no Governo Regional durante mais de duas décadas) “tentam justificar com a política do outro os maus resultados e os maus indicadores que os Açores têm neste momento” ao nível, por exemplo, da pobreza, da habitação ou da dívida pública.
“Não são capazes de apresentar um resultado positivo […]. Isso é demonstrativo da falta de respostas positivas à vida das pessoas”, sublinhou.
O coordenador regional contou com a eurodeputada Marisa Matias num encontro com militantes em Ponta Delgada para reforçar as críticas à relação da direita democrática com a extrema-direita.
A também candidata às legislativas nacionais de 10 de março pelo círculo do Porto lamentou a “degradação da política” provocada pelo crescimento da extrema-direita na Europa.
“Para essa degradação tem contribuído também […] a anuência dos partidos tradicionais de governação – em Portugal conhecemos o que tem sido o papel do Partido Socialista e do Partido Social-Democrata – na forma como têm permitido criar uma permeabilidade a essa degradação dos valores, dos princípios, da própria democracia”, afirmou.
Segundo Marisa Matias, estes partidos “não estão imunes a uma forma de fazer política que é muito dependente de redes de interesses, de negócios obscuros e de consequências enormes para a vida das pessoas”.
Na Europa e também em Portugal, disse, cresce uma retórica política de “permanente ataque a quem é mais pobre, a quem tem menos, aos migrantes”, e de valorização dos interesses económicos.
Na opinião de António Lima, esta tendência evidencia-se progressivamente nos Açores: “Há sinais de que a coligação PSD/CDS-PP/PPM, em vez de se posicionar de uma forma em oposição à extrema-direita, vai assumindo o seu discurso e até o seu programa”.
Recordando, como é habitual nas suas intervenções, vários dados estatísticos sobre o arquipélago, o candidato lamentou que a coligação ainda não tenha apresentado o seu programa – a tempo, inclusive, da votação antecipada em mobilidade, que decorre no domingo.
A postura da aliança de direita, considerou, tem sido a de se “vitimizar com o chumbo do Orçamento” dos Açores, esquecendo que a queda do governo “é culpa de quem lá estava e não foi capaz de responder aos problemas”.
Sobre o PS, que já divulgou o seu programa, António Lima afirmou-se surpreendido com a abertura a entendimentos tanto à esquerda como à direita e pediu uma explicação do partido.
“Que programa é este que o Partido Socialista apresenta que tanto é mais à esquerda ou mais à direita? Que mudança quer fazer nos Açores quando põe a hipótese de fazer essa mudança com os partidos que apoiaram ou até integram este governo?”, questionou.
Às eleições regionais antecipadas de 04 de fevereiro nos Açores concorrem 11 candidaturas.