O cabeça de lista do Livre por São Miguel às eleições açorianas, José Azevedo, disse hoje que a região necessita de uma “mudança estrutural”, com um reforço da produção local e do Estado social e um foco no ambiente.
Com “muita confiança” na conquista de um assento no parlamento regional (o primeiro do partido) em 04 de fevereiro, o biólogo e professor universitário esteve hoje a afixar painéis semelhantes a pequenas bandeiras na costa norte da ilha de São Miguel.
Junto ao porto do Porto Formoso, no concelho da Ribeira Grande, afirmou o seu orgulho nas bandeiras do partido, feitas a partir da reutilização de lençóis e com um trabalho manual de serigrafia pelas Oficinas de São Miguel, recusando o plástico.
As peças estão a ser espalhadas pela maior ilha açoriana, presas por cordel, mas há também cartazes colocados em painéis autorizados naquela e em quase todas as outras ilhas.
Sem rostos, o material de campanha do Livre revela o manifesto eleitoral da candidatura, assumindo um “contrato com o futuro”, que, sublinhou, “por acaso alinha muito bem com o manifesto sobre o futuro dos Açores”, divulgado há dias, subscrito por 21 pessoas, na maioria açorianos, entre eles escritores, jornalistas e artistas.
“Está tudo mal, é a nossa mensagem. Nós precisamos de fazer uma mudança estrutural”, afirmou José Azevedo, acrescentando que 50 anos após o 25 de Abril, e já com 48 anos de governo autonómico, os Açores “continuam atrasados”.
O candidato referiu que de pouco servem as declarações dos partidos sobre os dados do crescimento económico: “Fantástico. E em que é que isso resolve o meu problema do abandono escolar, da pobreza, das desigualdades, dos problemas ambientais, da agricultura?”.
Como exemplo de problemas significativos, assinalou que, com as chuvas, as ribeiras estão repletas de terra devido à cultura intensiva. Já nas pescas, há “uma exaustão de recursos pesqueiros, ao mesmo tempo que os pescadores continuam na miséria”.
O partido entende ser preciso um reforço “da produção local, das cooperativas e um reforço do Estado social”.
Na sua opinião, a aposta na economia local e o aumento da soberania alimentar são fundamentais para lidar com os problemas decorrentes da emergência climática, já que o arquipélago terá de lidar direta e indiretamente com as “implicações fenomenais” do aquecimento global.
Por isso, na assembleia, o Livre quer pedir, no imediato, a “proclamação do estado de emergência ecológica e social”.
O cabeça de lista admitiu que a atual situação é “resultado do sistema” e que não é por apenas mais uma medida ou outra isolada que um executivo regional conseguirá alterar a conjuntura, já que o modelo económico assenta na competição e no lucro: “E isso nunca dará prioridade às questões sociais e às questões ecológicas”.
A candidatura do Livre, que na próxima semana terá a companhia do deputado nacional Rui Tavares, vai fazer uma exposição – “não uma queixa” – à Comissão Nacional de Eleições sobre a propaganda eleitoral, por haver cartazes colocados em vários locais desadequados, gerando “muita poluição visual”.
O partido candidata-se nos 10 círculos eleitorais da região pela primeira vez, para estar “disponível em todos os boletins de votos”.
Onze candidaturas concorrem às legislativas regionais, com 57 lugares em disputa no hemiciclo: PSD/CDS-PP/PPM (coligação que governa a região atualmente), ADN, CDU (PCP/PEV), PAN, Alternativa 21 (MPT/Aliança), IL, Chega, BE, PS, JPP e Livre.