O impacto económico da medicina veterinária nos Açores foi de 8,5 milhões de euros em 2021, segundo um estudo que concluiu que “mais de metade” dos veterinários no arquipélago têm menos de 40 anos.
“Em 2021, o impacto económico mensurável global estimado para a Região Autónoma dos Açores foi de cerca de 8,5 milhões de euros. Por cada euro gasto na atividade de medicina veterinária foi gerado um incremento adicional de trinta e quatro cêntimos na economia”, adianta a Ordem dos Médicos Veterinários, em comunicado enviado à agência Lusa.
Os dados constam do estudo “Medicina Veterinária na Região Autónoma dos Açores – impacto socioeconómico e estudo prospetivo”, que foi apresentado hoje em Ponta Delgada para assinalar o dia do Médico Veterinário e o Dia do Animal.
Segundo o estudo, existem 253 veterinários nos Açores, cerca de 4% do total nacional, sendo que “mais de metade” dos profissionais “têm idade inferior a 40 anos” e “cerca de dois terços” têm o exercício em clínicas privadas como “principal atividade”.
“Relativamente à criação de postos de trabalho, em 2021, estima-se que a atividade veterinária foi responsável pela existência de 119 postos de trabalhos marginais, ou seja, cada médico veterinário a atuar na região contribuiu, em média, para a criação de 0,47 postos de trabalho adicionais”, lê-se na nota de imprensa.
Já em 2020 o impacto económico da atividade de medicina veterinária no arquipélago açoriano foi de 6,9 milhões de euros.
A Ordem dos Médicos Veterinários realça que os profissionais do setor “têm sido cruciais para o crescimento sustentado do setor agropecuário” na região devido à “promoção de um maior controlo nas metodologias de recolha e tratamento de leite e da carne”.
A investigação também realça a “importância” dos veterinários na saúde pública, através da erradicação de doenças (como a brucelose), do “controlo higiénico-sanitário nos estabelecimentos que lidam com produtos de origem animal” e da intervenção junto de canis municipais.
Segundo os dados, nos Açores existem 1,07 médicos veterinários por cada mil habitantes, um número superior à média nacional (0,67) e ao registado na União Europeia (0,38).
Na apresentação do estudo, o bastonário da Ordem dos Médicos Veterinários alertou para a “situação descontrolada” do abandono animal no continente português, onde são abandonados 40 mil animais por ano.
“Têm vindo a ser tomadas medidas mais baseadas na ideologia e menos técnico-científicas. Isso é que é verdade. Por mais que nós apresentemos propostas e façamos partes de grupo de trabalho, hoje em dia é muito difícil que a ideologia não se sobreponha à técnica”, avisou Jorge Cid, a propósito das medidas de bem-estar animal.
Em declarações à agência Lusa e à RTP/Açores, o secretário da Agricultura e Desenvolvimento Rural adiantou que o Governo Regional (PSD/CDS-PP/PPM) vai promover cursos de formação para veterinários e “cursos para a adoção animal”.
António Ventura afiançou ainda que “certamente que em 2024 o Provedor do Animal será uma realidade nos Açores”.
“O provedor do animal não está dependente do governo. Está dependente da Assembleia Regional e de se avançar com um nome que seja aprovado pelo menos por dois terços”, assinalou.
A criação de um provedor do animal foi aprovada em maio de 2021 no parlamento açoriano devido a uma proposta do PAN.