A ilha Terceira, nos Açores, tem a partir de hoje mais duas estações de GNSS (sistema de navegação por satélite), para monitorizar a deformação de terrenos, devido à crise sísmica do vulcão de Santa Bárbara.
“Se um sistema vulcânico ou um vulcão começar a sofrer alterações, nomeadamente com a subida de magma mais a níveis superficiais, nós não conseguimos ver a olho nu, mas o vulcão vai sofrer variações de volume e estes equipamentos são estações muito sensíveis, com rigor milimétrico, que conseguem detetar estas variações de volume do vulcão”, explicou, em declarações aos jornalistas, a investigadora do Centro de Informação e Vigilância Sismovulcânica dos Açores (CIVISA) Rita Carmo.
Desde 24 de junho de 2022 que a atividade sísmica no vulcão de Santa Bárbara, na ilha Terceira, se encontra “acima dos valores normais de referência”, com o nível de alerta científico V2 (possível reativação do sistema – sinais de atividade moderada).
Em maio, o então presidente do CIVISA, Rui Marques, alertava para a “necessidade de se reforçar alguns tipos de monitorização, na ilha Terceira, nomeadamente aquela que tem que ver com a deformação geodésica através da colocação de mais estações GNSS”.
A Câmara Municipal de Angra do Heroísmo adquiriu agora duas estações GNSS, que foram instaladas nas freguesias dos Altares e da Serreta, num investimento de cerca de 70 mil euros.
“Perante a insuficiência da rede existente, o município achou que devia dar o seu contributo e adquirir estas estações que ficam no nosso património, instaladas nas nossas instalações, e que permitem garantir não apenas a este episódio em particular, mas em termos futuros, uma monitorização adequada do nosso território”, adiantou o presidente do município, Álamo Meneses.
A autarquia adquiriu ainda um drone com capacidade de leitura de infravermelhos, “que permite detetar pessoas, mas também detetar qualquer alteração na temperatura, quer do solo, quer das águas, o que tem vindo a ser testado”.
Rita Carmo admitiu que a rede de estações GNSS do CIVISA não é “suficiente”, salientando que estas duas estações vêm reforçar a capacidade de monitorização da ilha Terceira e do vulcão de Santa Bárbara.
“O CIVISA tem estado subfinanciado já há alguns anos. É uma realidade que é já conhecida. Tentamos ter algumas estações em torno de alguns sistemas vulcânicos. As estações que nós temos não são em número suficiente para podermos ter uma boa qualidade de rede de monitorização e temos vários sistemas vulcânicos ativos”, apontou.
Quando há uma crise sísmica, como aconteceu recentemente, primeiro na ilha de São Jorge e depois na ilha Terceira, os meios disponíveis são deslocados para esses locais.
“Muitas vezes quando temos estes episódios de incremento de atividade, temos de ir buscar estações que estão a monitorizar outros locais e tentar colmatar o mal nesta zona”, explicou a investigadora.
Com estas duas novas estações, o CIVISA fica com os meios adequados para monitorizar a deformação de terrenos na zona do vulcão de Santa Bárbara.
“Normalmente, para monitorizar bem um vulcão temos de ter quatro estações GNSS em torno do vulcão. Com estas duas estações estamos a conseguir isso”, frisou Rita Carmo.