Vasco Cordeiro salientou esta quarta-feira, na cidade da Horta, que “querer tornar o Governo da República num inimigo externo é um mau serviço às Regiões e às Autonomias regionais” e apelou ao Presidente do Governo Regional para se distanciar desta postura.
O Presidente do PS/Açores e líder parlamentar do PS falava num debate de urgência solicitado pelo PPM, no qual o deputado Paulo Estevão procurou “querer lançar a ideia de que na política todos se movem num espírito de vingança quando não são da mesma cor política” e de que “há aqui uma atmosfera obscura de penalizar, de vingança, por parte do Governo da República, os Açores”, lamentando que o Presidente do Governo alinhe nesta visão.
“Existe uma incapacidade do Sr. Presidente do Governo de marcar uma fronteira clara entre aquilo que é uma postura reivindicativa, exigente, intransigente em relação à República e aquilo que são os devaneios conspirativos do deputado Paulo Estevão” que, prosseguiu, orbita “num mundo que é só seu, de achar que o Governo da República conspira todos os dias contra o Governo Regional”, apontou o líder do PS/Açores.
Vasco Cordeiro criticou, porém, o Governo Regional (PSD-CDS/PP-PPM, com o apoio do Chega e da IL) por, “nos casos em que este sabe que não existe falha do Governo da República, mesmo assim, procurar imputar-lhe responsabilidades, para disfarçar as suas falhas”.
“Eis um exemplo concreto. O Presidente do Governo Regional, numa visita recente ao Porto de Ponta Delgada lamentou aquilo que ‘seriam atrasos por parte do Governo da República’ no lançamento da obra de reconstrução do Porto das Lajes das Flores, destruído pelo furacão Lorenzo. Mas o que se passa é que o Governo da República se disponibilizou à Portos dos Açores para antecipar o lançamento do anúncio público para a utilização das verbas de comunitárias para esse fim e a Portos dos Açores disse que não tinha condições para avançar em julho com essa candidatura, remetendo-a para setembro”.
“Há uns meses atrás o Secretário Regional da Agricultura chamou mentirosa à Ministra da Agricultura, mas esta veio esclarecer que foi o Governo Regional que pediu para não pagar as verbas do PRORURAL aos agricultores Açorianos”, recordou o líder parlamentar do PS no Parlamento dos Açores.
No caso das Pescas, Vasco Cordeiro recordou que o grupo parlamentar do PS já questionou, em requerimento, se este Governo Regional estava com dificuldades na utilização de fundos comunitários para criar medidas de apoio aos pescadores Açorianos, sem que o Governo Regional respondesse de forma perentória.
Vasco Cordeiro recordou que os incumprimentos da República para com os Açores “atravessam todos os governos, de todos os partidos, incluindo os do PS”, um fenómeno que “tem muitas vezes a ver com o esquecimento, com o não prestar a devida atenção ou não ter o devido cuidado” e não com uma “aversão às Autonomias”.
Porém, o Presidente do PS/Açores sublinhou que querer tentar transformar o Governo da República na desculpa para “todas as falhas, para as omissões e, em alguns casos, para a incompetência do Governo Regional”, é uma “tentativa perigosa até do ponto de vista institucional”, algo que “não deve acontecer”, uma vez que isso “significa instrumentalizar a Autonomia dos Açores em função dos interesses políticos momentâneos de um determinado partido político, de um Governo ou de uma determinada coligação”.
“O Governo Regional e o seu Presidente deveriam distanciar-se da visão incendiária, conspirativa e vingativa apresentada pelo deputado Paulo Estevão”, finalizou o Presidente do PS/Açores, Vasco Cordeiro.