O administrador do Hospital do Divino Espírito Santo (HDES) Carlos Ferreira Lopes afirmou hoje que, para a direção clínica, houve uma “necessidade absoluta” de garantir a “segurança dos doentes” na sequência do incêndio na instituição açoriana.
Carlos Ferreira Lopes, que falava na comissão parlamentar de inquérito ao incêndio no HDES, em 04 de maio de 2024, referiu que, na sequência do fogo, para além das questões de segurança, colocava-se a “dispersão dos trabalhadores, que sempre foi um grande problema” devido ao descontentamento dos profissionais de saúde e aos custos financeiros associados.
O administrador apontou que a opção do hospital modular “surgiu logo na primeira reunião” do grupo de trabalho, em 15 de maio, que é por si coordenado, e que não houve nenhuma oposição da anterior presidente do conselho de administração, Manuela Gomes de Menezes, à opção.
Segundo Carlos Ferreira Lopes, “nunca ninguém apresentou uma estratégia de reabrir o hospital” de Ponta Delgada, na ilha de São Miguel, em alternativa à criação do hospital modular.
“A decisão estratégica ficou muito comprometida com uma opção da direção clínica. Tinha clara noção de reabrir o HDES apenas com segurança. Não se verificando condições de segurança suficientes no HDES, numa perspetiva de cuidados de saúde e de segurança do doente, não era possível voltar, e isso foi-me sempre explicado com imensa clareza”, afirmou o administrador.
Questionado sobre o facto de o Laboratório Regional de Engenharia Civil (LREC) ter considerado as instalações do HDES em condições estruturais para serem reabertas, o administrador salientou que, “para albergar doentes em segurança, é preciso um conjunto de outras condições clínicas e de segurança, também, que não estão reunidas na sua plenitude”.
“O facto de o edifício estar capaz faz com que os custos de reparação do HDES possam ser reduzidas a cerca de 20 a 30% dos cálculos que têm sido feitos”, frisou.
Interrogado sobre o facto de os critérios de elegibilidade para a cobertura das despesas do incêndio, que vão ser asseguradas em 85% pelo Governo da República, ainda não estarem definidos, o administrador referiu que já foi feito um adiantamento de 20 milhões de euros à Região Áutónoma dos Açores, mas reconheceu que “traz alguma preocupação não estarem definidos”.
Também numa audição na comissão de inquérito parlamentar, esta manhã a coordenadora da Comissão de Catástrofe do HDES, Eunice Pires, considerou que a solução modular adotada após o incêndio foi “a mais viável”, alegando que determinadas áreas não reuniam condições para reabrir, porque a unidade “já tinha limitações”.
“Na altura, defendemos a solução modular por ser a mais viável e eficaz. Precisávamos de uma resposta imediata para garantir a continuidade dos cuidados aos doentes. Por isso, a nossa proposta neste sentido”, afirmou a responsável.
No dia 04 de maio de 2024, o HDES, o maior hospital dos Açores, foi afetado por um incêndio, que obrigou à transferência de todos os doentes para outras unidades de saúde da região, da Madeira e do continente.
Os serviços do hospital reabriram de forma faseada e foi instalado um hospital modular junto ao edifício do HDES, que será alvo de obras de recuperação e modernização.