A Associação de Municípios dos Açores e a Fair Pay Foundation assinaram hoje um protocolo que permite às autarquias açorianas juntarem-se a uma rede internacional que “une forças” pela divulgação e promoção de boas práticas laborais.
A Fair Pay Foundation é uma iniciativa do Instituto de Formação e Pesquisa da Organização das Nações Unidas (UNITAR), em parceria com a London Tea Exchange, criada com a ambição de erradicar a pobreza em todo o mundo, com especial atenção para os grupos e comunidades mais vulneráveis.
Segundo a Fair Pay Foundation, “o chá é a segunda bebida mais consumida no mundo, atrás da água, tem um significado económico e cultural significativo e, embora seja produzido apenas em algumas regiões, é consumido em todos os lugares”.
A Fair Pay Foundation (FPF) “visa tirar pelo menos 3 milhões de trabalhadores do chá da pobreza extrema até 2030, principalmente por meio do incentivo à adoção da Fair Pay Charter por governos e empresas”, lê-se na página oficial na internet da UNITAR, que “uniu forças” com a London Tea Exchange para lançar a FPF.
“A iniciativa visa melhorar as condições de vida e os salários dos trabalhadores das plantações de chá em todo o mundo”, assinala ainda.
Em declarações aos jornalistas, após a assinatura de protocolo, o sheikh Aliur Rahman, presidente do grupo London Tea Exchange, disse levar do arquipélago açoriano, e da visita à ilha de São Miguel, “o bom exemplo dos Açores para transmitir ao mundo inteiro”.
“Os Açores têm muito boas práticas que podemos partilhar com o mundo e dizer [que] este produto veio da Europa, veios das ilhas açorianas”, vincou Aliur Rahman, dizendo que tem chá dos Açores desde “há algum tempo”.
O presidente do grupo London Tea Exchange, que possui uma das mais extensas coleções do mundo de variedades de chá, realçou a qualidade do produto açoriano.
“Vocês sabem que o chá dos Açores é famoso. Eu sei. Mas, queremos fazer deste produto único e selecioná-lo”, frisou.
Aliur Rahman disse ainda que “vai levar para o mundo” o exemplo dos Açores em relação à forma de “tratamento igualitário” dos trabalhadores.
O presidente da Associação de Municípios da Região Autónoma dos Açores destacou a importância do contrato hoje assinado, onde estão plasmadas cláusulas visando “o respeito pela igualdade salarial e igualdade de género”.
“O que sai daqui é que somos um exemplo para o resto do mundo no que diz respeito à parte da igualdade salarial e, principalmente, de boas práticas que implementamos no mundo laboral, em concreto no cultivo do chá”, assinalou Alexandre Gaudêncio.
Segundo o autarca, que preside à Câmara Municipal da Ribeira Grande, o que se pretende, a partir de agora, “é divulgar pelos 19 municípios esse tratado de responsabilidade social” em termos de igualdade salarial, de igualdade de género e no tratamento igualitário entre homens e mulheres no mundo laboral.
As duas únicas plantações de chá com fins industriais da Europa estão localizadas na ilha de São Miguel, nomeadamente no concelho da Ribeira Grande.
O memorando de entendimento foi também celebrado com uma dessas plantações, o Chá Gorreana, tendo a sua responsável, Madalena Mota, destacado a importância do protocolo, referindo que a empresa tem “assumido sempre o compromisso de igualdade de tratamento” entre os seus trabalhadores.
“Isto dá-nos um certo alento que estamos a trabalhar para um mundo melhor”, realçou Madalena Mota, acrescentando: “representa que trabalhamos o que é justo, o que é digno para a vida, porque no mundo do chá há países onde o apanhador ganha entre 50 a 80 cêntimos por dia. Na Gorreana pagamos desde o ordenado mínimo, a ordenados maiores”.