O deputado único do BE/Açores disse hoje que, na discussão do Orçamento regional para 2025, “forja-se um pacto tenebroso entre PSD, CDS, PPM e Chega” e o partido quer ser alternativa para uma região mais justa.

No discurso proferido na Assembleia Legislativa, na Horta, durante as intervenções finais do debate do Plano e Orçamento da região para 2025, apresentado pelo Governo de coligação PSD/CDS-PP/PPM, António Lima disse que do debate “ficam duas certezas”.

A primeira “é que a única saída do governo para o atoleiro social e económico para onde arrasta os Açores são as privatizações de serviços públicos, como os prestados pela Lotaçor, os matadouros e a SATA”.

A outra certeza “é a de que o governo vende os direitos das crianças no acesso à creche para comprar a aprovação deste Orçamento ao Chega. As crianças filhas de pais desempregados ficam à porta da creche para que amanhã este Orçamento seja aprovado”, disse.

Para o parlamentar do BE, “forja-se um pacto tenebroso entre PSD, CDS, PPM e Chega. Uma coligação em que todos partilham, a partir de agora, a responsabilidade pelo Orçamento e suas consequências”.

“Perante esta nova coligação de velhas ideias, o BE aqui está para construir e apresentar uma alternativa. Uma alternativa para uma região mais justa, solidária, uma economia qualificada e ambientalmente sustentável. Uma região onde finalmente se cumpra Abril”, afirmou.

Na intervenção, também referiu que o Orçamento não dá resposta aos problemas da vida concreta das pessoas: “Pelo contrário, o governo torna mais difícil a vida da maioria das pessoas nos Açores”.

Entre outros aspetos, lembrou que o BE propõe a contratação de 350 trabalhadores que faltam nas escolas.

“Exigimos que se pague aos trabalhadores da saúde, a quem o governo deve mais de 10 milhões. E, na habitação, é preciso aumentar a oferta pública. Mas o governo faz o contrário: quer desbaratar imóveis públicos para pagar a dívida que criou. Urge regular o mercado imobiliário, suspendendo novas licenças de Alojamento Local nas freguesias com mais de 2,5% de alojamentos por habitação”, disse.

António Lima vincou ainda que “a economia que a direita está a construir nos Açores é a economia que se alimenta de baixos salários, de desigualdade e de pobreza”.

“O desenvolvimento de uma economia avançada assente na ciência e na tecnologia, na investigação do mar que nos rodeia, é cada vez mais uma miragem nos Açores. Uma miragem que se perde nos milhões do betão de um Martec sem investigadores, sem um projeto e para alavancar a ciência e colocá-la ao serviço dos Açores e das pessoas”, justificou.

O Orçamento dos Açores para 2025, que define as linhas estratégicas do executivo de coligação PSD/CDS-PP/PPM para o próximo ano, atinge os 1.913 milhões de euros, dos quais cerca de 819 milhões são destinados aos investimentos previstos no Plano.

Os documentos foram discutidos entre segunda-feira e hoje e na quinta-feira começam a ser votados.

O parlamento dos Açores é composto por 57 deputados, 23 dos quais da bancada do PSD, outros 23 do PS, cinco do Chega, dois do CDS-PP, um do IL, um do PAN, um do BE e um do PPM.

 

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