O PSD, o PPM, o Chega e a IL chumbaram hoje um voto de protesto do BE pelo encerramento das lojas da companhia aérea SATA no arquipélago.

O líder e deputado único do BE/Açores, António Lima, viu a proposta apresentada hoje na Assembleia Legislativa Regional, no arranque do primeiro plenário após as férias de verão, ser votada favoravelmente pelo PS (22 votos), pelo BE (um) e pelo PAN (um) e desfavoravelmente com 22 votos do PSD, quatro do Chega, um do PPM e outro da IL.

Na apresentação do voto de protesto, António Lima lembrou que no dia 19 de julho o Grupo SATA publicou um comunicado onde anunciava o encerramento das lojas, a partir de agosto, e a transferência dos serviços e dos recursos humanos para os balcões de atendimento das estruturas aeroportuárias.

Segundo o deputado, os efeitos do fecho das lojas “já se fazem sentir com constrangimentos nos balcões da SATA nos aeroportos, levando a uma grande sobrecarga para os trabalhadores da companhia aérea”, apontando que os serviços do aeroporto de Ponta Delgada, na ilha de São Miguel, têm tido “filas intermináveis” de clientes.

“Acresce a isso que as distâncias mais longas que os clientes têm agora de percorrer, a ausência de transportes públicos para muitos dos aeroportos da região e os elevados preços do estacionamento penalizam desnecessariamente os passageiros”, disse.

Para o BE, “é lamentável que a SATA tenha tomado uma decisão precipitada e irrefletida em vez de procurar um diálogo com todas as entidades envolvidas que permitisse encontrar soluções viáveis e benéficas simultaneamente para a companhia aérea e para os seus clientes”.

Por seu lado, o deputado Paulo Simões, do PSD, classificou voto de protesto de “estranho”, alegando que a decisão foi um ato de gestão e não houve interferência do Governo Regional (PSD/CDS-PP/PPM).

“Ao invés de um voto de protesto devíamos estar aqui a louvar o serviço prestado pela SATA Air Açores, que no verão IATA de 2023 disponibilizou mais de 225 mil lugares do que em 2019, valores que deverão ser ultrapassados no decorrer deste verão IATA que só termina em outubro”, disse.

Francisco Lima (Chega) considerou que é preciso “acautelar determinadas zonas onde as pessoas ficam sem acesso [às lojas SATA], nas ilhas pequenas”, mas “é um absurdo sustentar coisas que são insustentáveis”.

“O BE tem de provar que isso é uma decisão política, que é uma decisão antieconómica”, afirmou.

O deputado único da IL, Nuno Barata, disse que votava contra o voto de protesto e que rejeita “qualquer tipo de tentativa, quer do parlamento, quer do acionista, diretamente na gestão da companhia” aérea açoriana.

Por sua vez o socialista Carlos Silva salientou que o voto de protesto do BE “permite realçar algumas contradições que foram apresentadas” pela administração da SATA para justificar uma decisão que “foi precipitada, mal fundamentada e que revela uma enorme insensibilidade para com as populações mais frágeis que recorriam e que necessitam de recorrer às lojas físicas em centros urbanos”.

A SATA anunciou em 19 de julho uma reorganização, a partir de agosto, do modelo de atendimento, concentrando os serviços de venda de bilhetes, reservas e informações nos balcões do aeroporto e atendimento telefónico, em vez das lojas.

Após o anúncio de encerramento das lojas nas zonas urbanas, que motivou críticas das autarquias e partidos, o presidente da SATA revelou que os serviços das lojas iriam ser transferidos para a Rede Integrada de Apoio ao Cidadão (RIAC), o que levantou dúvidas de legalidade por parte de associações empresariais, sindicatos e partidos.

Mais tarde, o presidente do Governo dos Açores, José Manuel Bolieiro, admitiu que a venda de bilhetes da SATA por parte da RIAC poderá não vir a concretizar-se, pelo menos em todas as ilhas.

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