A Festa do Avante! decorreu na semana passada. Como sempre, naqueles três dias, os Açores estiveram um pouco mais perto de todo o país: a nossa cultura, a nossa gastronomia e a nossa realidade estiveram lá presentes. O destaque foi para os transportes, como ferramenta essencial para o desenvolvimento económico e social dos Açores. É impossível saber quantos milhares por lá passaram, para ver um pouco do que temos de melhor. O mesmo aconteceu com cada Região do País!

Como sempre, a Solidariedade foi uma constante. Exigiu-se a Paz e a Cooperação entre os Povos, recusou-se a guerra e o militarismo como soluções para os problemas do mundo. Defendeu-se o direito de cada Povo a definir o seu caminho, livre de ingerências ou de sanções económicas ilegais, impostas pelos velhos impérios que procuram assegurar um domínio que sabem estar a perder.

Este não foi apenas um festival. Em nenhuma outra iniciativa se podem debater os problemas vividos, concordar e discordar das soluções propostas, viver o desporto, construir cultura ao vivo – literalmente! –, ter acesso a uma diversidade gastronómica tal que seriam precisos dois meses para esgotar vontades e curiosidades. A variedade musical é única, da clássica à pesada, passando pela regional ou por raves. Mais ninguém conseguiria preparar uma iniciativa desta dimensão, apenas com base em trabalho voluntário!

Dito tudo isto, estranha-se a total ausência de notícias em muitos dos maiores jornais, os autointitulados de referência, ou as curtas notícias de televisão. Sobretudo quando optam por cobrir, durante fins de semana inteiros, iniciativas com muito menor dimensão ou relevância… A quem achar que estou a exagerar, sugiro que procurem nas redes sociais do PCP as fotografias da Festa do Avante!, e que tire as suas próprias conclusões!

Mas, como até os mistérios têm explicação, deixo aqui a minha tentativa. Em nenhum outro comício se afirma, como disse o Paulo Raimundo, secretário-geral do PCP, que “somos protagonistas e portadores do mais belo ideal e objectivo que se pode colocar à juventude, aos trabalhadores e ao povo”. Em nenhum se disse que “Estamos com os que criam a riqueza, com quem trabalhou uma vida inteira, com a juventude, os intelectuais, com as mulheres (…), com os que trabalham a terra e com os que lançam as redes ao mar, estamos com os que trabalham por turnos, à noite e ao fim de semana, com os direitos das crianças, com as pessoas com deficiência, estamos com os que limpam, com os que cuidam, com os que garantem [a] saúde, a educação, a segurança, a defesa, a justiça (…), estamos com os que conduzem, com os que produzem, estamos com os que garantem que o País funciona, estamos com a classe operária e todos os trabalhadores, estamos com a maioria, é esta orgulhosamente a nossa opção.” Mas, sobretudo, nenhum outro comício reuniu dezenas de milhar, dispostos a construir um Mundo Melhor, o que causa desconforto e medo a muitos interesses instalados… E tudo isto explica um outro mistério, escrito uma vez por Miguel Esteves Cardoso: como é possível que estejam todos sempre a sorrir?

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