O PS/Açores considerou hoje que a realidade verificada no início do ano letivo “desmente a propaganda” do Governo Regional (PSD/CDS-PP/PPM) e a tutela respondeu que está a “reparar uma série de asneiras” do passado.

“Certo é que, à data de hoje, início do ano letivo, a realidade desmente a propaganda do Governo [Regional], ou seja, faltam docentes, faltam assistentes operacionais, faltam bolseiros ocupacionais, faltam manuais digitais, faltam os equipamentos, e outras tantas provas de que, afinal, não está tudo bem”, afirmou a deputada socialista Inês Sá na Assembleia Legislativa Regional, na Horta, no arranque do primeiro plenário após as férias de verão.

Na declaração política sobre educação, feita da tribuna, a parlamentar referiu que as escolas dos Açores “abrem portas faltando mais de 100 docentes, mais de 200 assistentes operacionais e com a situação dos bolseiros ocupacionais por resolver”.

“Foi um abrir de portas apressado, uma semana antes das escolas do continente, e os resultados, a impreparação, estão à vista”, vincou Inês Sá.

No debate, o deputado da IL, Nuno Barata, disse que o PS “não pode declinar responsabilidades”, porque as questões “não se resolvem de um dia para o outro”, e observou que este foi o “pior início de ano escolar das últimas décadas nos Açores”.

Algumas escolas, indicou, “estão a cair aos bocados” e “não é desculpa ter ‘caído’” o executivo, no final de 2023, e não ter havido então um Orçamento para 2024 (apenas aprovado em maio).

“Em tempo de vindimas, quanto à educação, o Governo Regional é ‘muita parra e pouca uva’”, acrescentou.

António Lima (BE) apontou que os relatos sobre problemas verificados no arranque do ano letivo “são extremamente preocupantes”, destacando a falta de professores, de assistentes operacionais e bolseiros ocupacionais, atrasos com manuais escolares e problemas com transportes.

“A quantidade de problemas, de trapalhadas, é sinal de que este Governo [Regional] simplesmente está a desistir da educação, está a desistir de resolver os problemas, continua com a lengalenga dos 24 anos do PS”, observou.

Por sua vez, Délia Melo (PSD) disse que os socialistas apontam responsabilidades ao executivo regional de forma “demagógica”: “Esta declaração política quase pareceu uma ‘mea culpa’ daquilo que foi a vossa ação. Mas, ainda bem, que desde 2020 os açorianos deixaram de contar com o PS para podermos avançar realmente na educação.”

“Não negamos a existência de dificuldades, existem realmente. E nós não estamos a dizer que está tudo perfeito, porque não está. Agora, este Governo [Regional] tem trabalhado incansavelmente para reverter esta situação que encontrou e para dar resposta às dificuldades”, concluiu.

João Mendonça (PPM) também apontou críticas aos executivos do PS, referindo que o “problema crítico” de falta de professores hoje existente no Corvo e nas Flores “é resultado direto e exclusivo dá má gestão dos governos socialistas”.

Já Pedro Pinto, do CDS-PP, disse que não são negadas algumas dificuldades na educação, mas considerou que os resultados da atual governação “são incomparavelmente melhores” do que os da governação do PS.

Além disso, lembrou que há cinco anos o PS disse que “não eram precisos mais professores” e o novo ano letivo “começa com mais 134 professores no quadro”: “Só o nosso governo de coligação, em quatro anos, já contratou para o quadro, deu estabilidade, a mais de 600 professores”.

O deputado do Chega José Pacheco apelou ao executivo para que acabe imediatamente com os manuais digitais: “Nós temos é gente dependente da tecnologia, que já nem escrever sabe.”

A fechar o debate, a secretária Regional da Educação, Sofia Ribeiro, respondeu às críticas da oposição e reconheceu que existe o problema recorrente da falta de professores.

A tutela, explicou, acompanha anualmente a taxa de colocação de docentes e, este ano letivo, “98,3% dos docentes foram colocados na primeira fase” e estão três vagas por colocar.

“Nós estamos a reparar uma série de asneiras que foram feitas [e que estão] a prejudicar a classe docente”, disse Sofia Ribeiro, dirigindo-se à bancada socialista açoriana.

O arranque do ano letivo 2024/2025 decorre desde segunda-feira e até quarta nos Açores, enquanto na Madeira começou no mesmo dia e se estende até sexta-feira.

No continente, as aulas terão início entre quinta e segunda-feira (dias 12 e 16).

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