A União Regional das Instituições Particulares de Solidariedade Social dos Açores (URIPSSA) vai propor ao Governo Regional que seja possível abrir creches sem educadores de infância, devido à falta de profissionais, revelou hoje o seu presidente.
“Uma das categorias mais difíceis de arranjar tem a ver com as educadoras de infância. Algumas estão a ir para o público. Cada vez mais queremos abrir vagas de creches, mas não temos as educadoras”, adiantou, em declarações aos jornalistas, o presidente da URIPSSA, João Canedo.
O responsável falava à margem da sessão de abertura do I Encontro de Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS) dos Açores, na Praia da Vitória, na ilha Terceira.
João Canedo revelou que vai propor ao executivo açoriano que “não seja obrigatório ter uma educadora de infância” nas creches e que se possa ter, em alternativa, “uma educadora social, uma socióloga ou um psicólogo”.
“Estamos a propor que possa haver uma alteração, visto que há essa falta de mão de obra de educadoras de infância”, justificou.
Durante seis dias, as IPSS dos Açores vão debater boas práticas que já se aplicam na região e exemplos do continente que possam ser replicados no arquipélago.
O encontro divide-se em três áreas de intervenção. Na Praia da Vitória, discutem-se os cuidados prestados a idosos, em Angra do Heroísmo, os cuidados prestados a pessoas com deficiência, e na Ribeira Grande, na ilha de São Miguel, as respostas a crianças e jovens.
Segundo João Canedo, existem atualmente 223 IPSS nos Açores, que empregam cerca de 6.000 pessoas, mas “cada vez mais é mais difícil arranjar empregados”.
Quanto aos meios financeiros, apesar de pedir “sempre mais”, o presidente da URIPSSA disse que no mandato anterior do executivo açoriano foram atribuídos apoios que permitiram dar “sustentabilidade” às instituições.
“Esperemos que com a senhora secretária da Saúde e Segurança Social possamos dar continuidade deste trabalho e ir ao encontro dos custos reais que as instituições têm com os seus serviços e termos um valor padrão justo para as IPSS”, apelou.
A URIPSSA pretende ainda avaliar o retorno que o montante atribuído pelo Governo Regional tem na economia regional.
A nível nacional, um estudo concluiu que, por cada euro investido pelo Estado, há um retorno de 4,87 euros, adiantou João Canedo.
“Estamos a tentar fazer um estudo com a Universidade Católica do Porto e com o apoio das câmaras municipais e do Governo Regional, onde possamos ver quantas pessoas trabalham nas IPSS, quantas pessoas nós apoiamos, o que é que nós valemos para a economia regional”, explicou.
Questionado pelos jornalistas, o vice-presidente do executivo açoriano (PSD/CDS/PPM), Artur Lima, considerou importante avaliar o impacto das IPSS na economia e permitir que as instituições tenham acesso a apoios atualmente disponíveis apenas para empresas.
“Estou a trabalhar, no âmbito da transição digital, para incluir as IPSS nessa transição digital, porque elas bem precisam. Digo a transição digital no acesso aos painéis solares, no acesso às energias renováveis. As IPSS têm de estar em igualdade de direito com as empresas, porque também criam emprego, também consomem no mercado, têm os mesmos direitos e pagam impostos”, defendeu.
O governante, que no anterior mandato titulava a pasta da Solidariedade Social, interveio na sessão de abertura do encontro, onde destacou o impacto do complemento para a aquisição de medicamentos pelos idosos (Compamid), que abrangeu 23 mil beneficiários em 2024, e o programa Novos Idosos, que já integrou 250 utentes, tendo, entretanto, sido abertas mais 220 vagas.