O espólio histórico da extinta indústria de açúcar SINAGA, em Ponta Delgada, São Miguel, encontra-se “devidamente preservado para memória futura” sob tutela do Museu Carlos Machado/Direção Regional da Cultura, segundo informação disponibilizada hoje pelo Governo Regional (PSD/CDS-PP/PPM).
“Em 2021 foi dado início ao procedimento de inventariação e incorporação do acervo museológico e arquivístico da SINAGA, a cargo do Museu Carlos Machado, tendo sido elaborado o relatório sobre a Coleção SINAGA, que evidencia a diversidade e o valor histórico-cultural do acervo”, adiantou o executivo açoriano numa resposta enviada ao deputado único do PAN/Açores, Pedro Neves, através do parlamento regional e hoje consultada pela agência Lusa.
Pedro Neves questionou em julho o Governo Regional sobre o espólio histórico da extinta indústria de açúcar SINAGA, visando a sua salvaguarda.
Em requerimento entregue na Assembleia Legislativa Regional, o deputado interrogou o executivo da coligação sobre “quais as medidas implementadas para execução das recomendações da resolução [da sua autoria, aprovada em 2022, no parlamento] relativa à proteção e reconversão do património industrial da SINAGA”.
Na resposta, o secretário Regional dos Assuntos Parlamentares e Comunidades, Paulo Estêvão, informou que “existem registos fotográficos gerais e de pormenor, para memória futura, tendo sido registadas, acondicionadas e transportadas as peças cuja dimensão assim justificou, e mantidas, nas respetivas instalações fabris, a maquinaria e equipamentos de maior dimensão”.
“As peças desta coleção foram depositadas no Núcleo de Santa Bárbara e nos armazéns do Museu Carlos Machado, a fim de serem inventariadas e objeto de estudo, à semelhança do tratamento da documentação”, acrescentou.
A Fábrica do Açúcar foi instalada na freguesia de Santa Clara em 1906, tendo sido comprada pela SINAGA em 1969. Desde 2010, tinha uma participação de 51% do Governo Regional, tendo sido extinta entretanto.
O deputado do PAN/Açores também questionava quando previa o Governo Regional proceder à reconversão do património da fábrica, “por forma a evitar a contínua degradação, bem como apurar a existência, ou não, de projetos futuros para a reconversão deste património”.
Pedro Neves reiterou que o referido património “deve ser devolvido à população” e relembrou a “inércia do executivo na sua reconversão”.
Paulo Estêvão respondeu que a região “dedica uma especial atenção aos complexos fabris, não só pela sua especificidade e dimensão, mas principalmente pelo seu valor histórico-cultural”.
A Secretaria Regional das Finanças, Planeamento e Administração Pública adjudicou serviços permanentes de segurança e vigilância das antigas instalações da Fábrica do Açúcar, 24 horas por dia, durante todo o ano, “respondendo às expectativas da população e evitando o uso indevido do espaço e, consequentemente, a sua vandalização”, esclareceu.
O governante indicou ainda que o gabinete do Secretário Regional das Finanças, Planeamento e Administração Pública desenvolveu contactos com as câmaras municipais de Ponta Delgada e Lagoa, Junta de Freguesia de Santa Clara e Secção Regional da Ordem dos Arquitetos, “no sentido de recolher ideias e contributos para o futuro dos edifícios” fabris.
A região “pretende promover uma discussão pública com vista à recolha de ideias para a melhor reconversão, aproveitamento e rentabilização de todo aquele património, tendo em consideração a viabilidade e as condicionantes aplicáveis”, adiantou.
Em setembro de 2021, o então secretário das Finanças, Planeamento e Administração Pública do Governo dos Açores, Joaquim Bastos e Silva, disse que extinguir a açucareira SINAGA foi uma decisão “imprescindível” e das “mais óbvias” do executivo de coligação PSD/CDS-PP/PPM.
O governante adiantou, na altura, que a açucareira somava uma dívida aos fornecedores de 810 mil euros, a que se juntava 35 milhões de prejuízos ao longo dos anos.