O PAN/Açores denunciou hoje aos órgãos de polícia criminal uma nova suspeita de morte de touro numa tourada à corda na freguesia da Agualva, concelho da Praia da Vitória, ilha Terceira, e pediu a “suspensão imediata destas práticas”.
O partido refere em comunicado que a denúncia deve-se “à morte de mais um touro durante a realização de uma tourada à corda”, na ilha Terceira, no domingo.
“As imagens videográficas a que o partido teve acesso, comprovam o sofrimento do animal, que cai inerte no chão, visivelmente desidratado e fatigado, não só, mas também em virtude das elevadas temperaturas que se faziam sentir e, que, aliás, têm assolado o arquipélago de forma generalizada nas últimas semanas”, lê-se na nota.
O Pessoas-Animais-Natureza (PAN) nos Açores acrescenta que estes animais permanecem nas jaulas durante largas horas, “muitas vezes expostos ao sol e [ao] calor, sem acesso a água ou alimento”, situações que, apenas potenciam o seu sofrimento.
O partido recorda que a morte deste animal “não constitui ato isolado, uma vez que, em 17 de agosto de 2023, uma corrida realizada também na freguesia da Agualva, culminou na morte de quatro touros, na sequência das lesões causadas durante a realização da respetiva tourada à corda”, situação que também denunciou junto dos órgãos de polícia criminal.
“A tauromaquia constitui uma prática que perpetua a crueldade e o espetáculo da dor e deve ser reavaliada à luz dos princípios éticos e da compaixão pela causa animal, que grande parte da sociedade açoriana preconiza”, afirma, citado na nota, o deputado e porta-voz regional do PAN/Açores Pedro Neves.
O responsável acrescenta que a morte deste touro “é um trágico lembrete da violência inerente a estas festividades, que ignoram o sofrimento das pessoas e animais envolvidos”.
“Quando vamos parar este ciclo de violência?”, questiona o líder do PAN açoriano.
O PAN/Açores também apela à “suspensão imediata destas práticas” e lembra que o seu objetivo é acabar com elas, de acordo com a iniciativa que apresentou na legislatura anterior e que foi chumbada pela maioria parlamentar.
Em 18 de outubro de 2023, o parlamento dos Açores rejeitou por maioria o projeto de decreto legislativo que determinava o fim das touradas e previa apoios aos trabalhadores e à reconversão das praças de touros, apresentado pelo PAN.
A proposta, apresentada pelo deputado único do PAN Pedro Neves, foi rejeitada na votação na generalidade com 25 votos contra do PS, 21 do PSD, três do CDS-PP, dois do PPM, um do Chega, um da IL e outro do deputado independente e com dois votos a favor do BE e um do PAN.
Pedro Neves justificou a proposta por a evolução cultural e social reclamar “a revisão da classificação de práticas que durante algum período histórico foram apelidadas de cultura, mas que agora são apontadas como tortura devido ao nível de sofrimento infligido aos animais em resultado da prática de atos cruéis, incompatíveis com os valores contemporâneos de respeito e compaixão pelos animais”.
O secretário Regional da Agricultura, António Ventura, disse na altura tratar-se de uma arte que encerra “valores, tradições e raízes” do povo açoriano e que a raça bovina de raça brava está presente em oito das nove ilhas (cerca de 2.300 animais).