O Governo Regional dos Açores anunciou hoje a criação de um Plano de Gestão de Secas e de Escassez de Água, com mais de 20 medidas, para preparar a região para eventuais efeitos das alterações climáticas.

“Há um conjunto de trabalhos que temos de desenvolver nos próximos anos, se nos quisermos preparar verdadeiramente para este fenómeno e se quisermos estar de alguma forma adaptados às contingências que podem resultar das alterações climáticas”, afirmou aos jornalistas o secretário regional do Ambiente e Ação Climática, Alonso Miguel.

A proposta de Plano de Gestão de Secas e de Escassez de Água vai ser discutida hoje, em Angra do Heroísmo, numa reunião extraordinária do Conselho Regional do Ambiente e do Desenvolvimento Sustentável (CRADS), sendo depois apresentada publicamente e colocada em consulta pública.

À margem do encontro, o titular da pasta do Ambiente adiantou que o objetivo do documento é “caracterizar todos os sistemas de abastecimento de água que há na região, identificar as zonas e as situações de maior vulnerabilidade e fazer uma priorização da água e dos recursos hídricos”.

“Há um diagnóstico que é feito, é identificado um conjunto de situações mais vulneráveis e para isso são definidos princípios orientadores para a adoção de comportamentos e de metodologias que possam dar resposta e este fenómeno. E depois é feito também um conjunto de medidas de intervenção direta, que possam adaptar a região a estes efeitos”, explicou.

Não há indisponibilidade de água nos Açores, mas muitas vezes o acesso “é tecnicamente difícil ou financeiramente inexequível”.

“Há necessidade em algumas ilhas de fazer uma gestão mais eficiente da captação e do abastecimento de água, corrigindo as perdas, que são muito significativas na rede de distribuição de água em algumas ilhas”, frisou o governante.

Segundo Alonso Miguel, as ilhas da Graciosa e do Pico são as que apresentam maior vulnerabilidade, mas “com o intensificar do fenómeno das alterações climáticas esta ameaça de escassez pode alastrar-se a grande parte das ilhas”.

O plano contempla, por isso, “um conjunto de medidas, com diferentes níveis de urgência de implementação, que se dividem em 10 medidas de contingência, cinco medidas de adaptação e seis medidas de preparação e prevenção, sendo que estas últimas se desagregam em 42 subações”.

O governante revelou que as medidas, adaptadas às diferentes ilhas, incidem sobre os setores que têm maior peso sobre o consumo de água, incluindo o turismo.

“As medidas mais drásticas passariam por um controlo da pressão de água nas adutoras ou pela suspensão do abastecimento de água em determinados períodos, mas há todo um outro trabalho a fazer antes disso, nomeadamente, ao nível da otimização da utilização da água por parte destes setores relevantes e um conjunto de medidas de adaptação”, salientou.

Entre outros documentos, o Conselho Regional do Ambiente e do Desenvolvimento Sustentável, que estará reunido durante todo o dia em Angra do Heroísmo, também vai discutir o Relatório do Estado do Ambiente nos Açores referente ao triénio 2020-2022.

Segundo Alonso Miguel, o documento avalia áreas como a conservação da natureza, a preservação da biodiversidade, a qualidade do ar, a ação climática e os riscos naturais, a gestão de recursos hídricos e de resíduos, a agricultura e florestas, a energia e transportes e a educação e sensibilização ambiental.

“Relativamente à maioria destes domínios, há de facto uma evolução muito positiva”, frisou.

Entre os investimentos realizados na área do Ambiente, no período em avaliação, o governante destacou um montante de 9 milhões de euros, em projetos de reestruturação de centros de processamento de resíduos e roteiros para a economia circular e para a neutralidade carbónica, ao abrigo do programa React-EU, e um montante de 7,7 milhões de euros nos projetos Life.

 

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