A CDU conseguiu manter a representação no Parlamento Europeu, o que foi motivo de festejo para a coligação, que considerou a eleição positiva num quadro de “condições adversas”, apesar de registar o pior resultado de sempre em europeias.

Com 99,59% dos votos contabilizados, a CDU obteve 4,12% dos votos nestas eleições europeias, conseguindo eleger o seu cabeça de lista, João Oliveira, para o Parlamento Europeu. Este é o pior resultado de sempre da CDU em eleições europeias e a primeira vez que a coligação só terá um representante em Estrasburgo.

Até agora, o pior resultado da coligação que integra o PCP e o PEV tinha sido registado nas últimas eleições europeias, em 2019, quando a CDU tinha obtido 6,88% dos votos, conseguindo eleger dois eurodeputados: João Ferreira e Sandra Pereira.

Agora, quando comparado com essas eleições, a CDU passou de quarto para sexto lugar – ficando atrás de PS, AD, Chega, IL e BE – e perdeu votos em todos os distritos e regiões autónomas, com a exceção do estrangeiro onde, com ainda cerca de 12% dos votos por contabilizar, a coligação já tinha mais 300 votos do que em 2019.

Apesar disso, a CDU conseguiu aproximar-se significativamente do Bloco de Esquerda (BE), que ficou à sua frente por pouco mais de cinco mil votos, quando comparado com os 97 mil que os tinham separado em 2019.

Também nos distritos de Beja e Évora, a CDU pôde registar uma nota positiva. Numas eleições que João Oliveira tinha caracterizado como “uma batalha pela democracia”, a coligação conseguiu ficar à frente do Chega, ao contrário do que tinha acontecido nas últimas eleições legislativas.

Ainda assim, esse resultado deve-se mais a uma redução da votação no partido de extrema-direita e não ao crescimento da CDU que, naqueles círculos eleitorais, registou um resultado inferior ao que tinha obtido nas legislativas de março.

Apesar da quebra eleitoral, a atmosfera que se fez sentir no hotel lisboeta onde decorreu a noite eleitoral da CDU foi sobretudo de festejo e alívio, num ano em que a coligação já sofreu três reveses eleitorais: falhou a eleição para as assembleias legislativas regionais dos Açores e da Madeira e viu a sua representação na Assembleia da República diminuir de seis para quatro deputados.

Esse estado de espírito foi transmitido pelo secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo, que reconheceu que o resultado “não corresponde ao que é necessário”, mas manifestou-se “muito satisfeito”.

“Estamos muito confiantes e satisfeitos como resultado que obtivemos. É um grande contributo para a nossa luta, para nosso povo e para os trabalhadores”, afirmou.

Tendo como pano de fundo a posição do PCP sobre a guerra na Ucrânia, a ideia transmitida por Paulo Raimundo e por João Oliveira nos discursos que fizeram esta noite foi de que, apesar da perda de um mandato no Parlamento Europeu, a eleição de um eurodeputado já é por si só uma conquista, tendo em conta as “condições adversas” enfrentadas pela coligação, que lutou “contra ventos e marés”.

Ainda antes de serem conhecidos os resultados oficiais, João Oliveira dirigiu-se a quem votou na CDU para saudar a sua “opção corajosa, contrariando o obscurantismo, o conformismo com que se procurava condicionar e aprisionar as consciências”.

“Não se deixaram condicionar pelo medo, pelos dogmas, sejam eles do neoliberalismo ou do militarismo, ou pela lógica da política de confrontação como única saída para as relações entre os povos”, disse.

Por sua vez, Paulo Raimundo considerou que o resultado dá uma “confiança redobrada” à coligação e mostra que “é possível, mesmo num quadro muito difícil, ultrapassar as dificuldades”.

“Alguns hoje pensavam que hoje iam calcar o desaparecimento da CDU. Enganaram-se porque o povo não permitiu que isso acontecesse”, afirmou, em sintonia com os apoiantes da CDU que encheram a sala do hotel lisboeta onde decorreu a noite eleitoral coligação e onde um dos cânticos mais ouvidos foi “a luta continua”.

 

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