O título deste meu texto tem sido usado pela CDU para descrever o resultado das decisões da União Europeia nas nossas vidas. É bem longe da nossa vista e dos holofotes mediáticos que são impostas a destruição da produção, das pescas e da agricultura, enquanto se favorece o crescimento das grandes fortunas e das maiores economias, inclusive com brutais transferências de dinheiros públicos.

Factos são factos: desde a adesão à União Europeia, a nossa indústria e a frota pesqueira reduziram-se a metade. Foram encerradas 400 mil explorações agrícolas, milhares destas nos Açores. A Europa tem 92 milhões de pobres, mas as grandes fortunas crescem 170 milhões por mês. Ao contrário das promessas, Portugal e os Açores afastam-se do nível de vida da Alemanha e de outros países. Os salários cresceram muito menos que a produtividade e a inflação.

Nada disto é por acaso! Por isso mesmo, a CDU tem proposto, repetidamente, um debate sobre o que ganhámos e perdemos com a integração europeia. Estranhamente, está sozinha nesta proposta – todos recusam este debate, talvez por considerarem perigoso contestar a propaganda europeia…  E, por falar em propaganda, há que lhe reconhecer a eficácia em esconder estes factos, disfarçando-os, por exemplo, com os fundos comunitários. Esquecem-se, convenientemente, que esse foi o mecanismo para destruir a nossa economia, obrigando-nos a importar aquilo que antes produzíamos. Desde 1996, as verbas que entraram com esses fundos são inferiores em cerca de 60 mil milhões de euros ao que sai do país, se somarmos os juros, lucros, rendas e dividendos. E ainda falta juntar aqui os 7 mil milhões de juros da dívida que temos pago todos os anos!

Perante estas críticas, é legítimo perguntar porque concorre a CDU ao Parlamento Europeu. Poderia responder com milhares de exemplos, mas escolho dois: os eurodeputados eleitos pela CDU têm apresentado dezenas de perguntas e de propostas sobre os Açores, sejam sobre as cotas do atum, o combate à pobreza e exclusão social, a construção do Porto Espacial de Santa Maria, a construção de uma incineradora em São Miguel ou a situação da COFACO, entre tantas outras. Há um mês, no Parlamento Europeu, PS, PSD e CDS deram o seu apoio a um corte de 2,8 mil milhões de euros na despesa pública nacional. Era bom que alguém explicasse onde será esse corte. Na saúde? Na Educação? Na Segurança Social? No investimento público? Perante isto, a resposta torna-se simples: precisamos de eleger deputados que defendam lá o país e os Açores, e não quem defenda cá a União Europeia!

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