A greve convocada pelo SITACEHTT/Açores para a redução do período normal de trabalho máximo para 35 horas semanais obrigou “ao encerramento” de creches, jardins de infância e ATL’S”, com “forte adesão” no privado, adiantou fonte sindical.

O Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Alimentação, Bebidas e Similares, Comércio, Escritórios e Serviços, Hotelaria e Turismo, Transportes e Outros Serviços dos Açores (SITACEHTT/Açores) convocou greves para hoje em várias empresas privadas da ilha Terceira e em instituições de solidariedade social (IPSS) da região, exigindo a redução do período normal de trabalho máximo para 35 horas semanais.

Vítor Silva, do SITACEHTT/Açores, adiantou à agência Lusa que a paralisação “teve um forte impacto em relação às IPSS”, tendo motivado “o encerramento de muitas creches, de muitos jardins de infância e de muitos ATL’S”, centros de atividades de tempos livres.

“E, mesmo no setor privado, os números são bastante animadores. É um orgulho ver dezenas e dezenas de trabalhadores que, pela primeira vez, aderiram a uma greve, incluindo jovens trabalhadores, o que é também um bom sinal para o movimento sindical”, sublinhou o sindicalista.

As paralisações de hoje foram marcadas para empresas como a Insco, o Centro de Fabricação dos Açores, a Sportessence, a Emater, a Pronicol, a Unicol, a Mobiazores e a Azores On Route (nestas duas últimas a greve começou na quinta-feira).

Segundo Vítor Silva, “há empresas como a Pronicol que há mais de 20 anos que os trabalhadores não aderiam a uma greve”, enquanto no setor dos transportes, na ilha Terceira, a adesão à greve está a ser “superior a 50%”.

O sindicalista realçou ainda “a elevada participação dos trabalhadores” na manifestação organizada esta manhã na Praça Velha, no centro de Angra do Heroísmo.

“A participação de dezenas e dezenas de trabalhadores nesta concentração demonstra bem a forma convicta, a determinação e a vontade que têm na luta pelas 35 horas”, vincou.

Em declarações à Lusa, Vítor Silva reforçou que “foram os trabalhadores que solicitaram ao sindicato, em diversas empresas do setor privado na ilha Terceira e também em relação às IPSS, a convocação da jornada luta para reivindicar o horário das 35 horas e aumentos salariais dignos”.

Durante o mês de maio, o SITACEHTT “tinha em vigor 11 pré-avisos de greves”, assinalou o sindicalista, para quem este “é um primeiro passo num caminho longo” para se alcançar “as 35 horas para todos os trabalhadores dos Açores independente de serem do setor público ou privado”.

No setor das creches, jardins-de-infância, ATLS e das Instituições Particulares de Solidariedade Social, a situação “é ainda mais grave” porque “há colegas numa mesma sala em que um faz 39 horas e outro 35 horas e chegam ao fim do mês e ganham a mesma coisa”, denunciou Vítor Silva.

O SITACEHTT/Açores refere que o arquipélago é “uma das regiões da União Europeia onde se trabalha mais horas por semana”, considerando a redução do período normal de trabalho máximo para as 35 horas semanais uma reivindicação “possível, justa e necessária”.

“O prolongamento generalizado e a constante irregularidade dos horários e tempos de trabalho são incompatíveis com a necessária conciliação da vida profissional com a vida pessoal. O alargamento e a desregulação dos horários de trabalho são dos principais problemas com que hoje se debatem os trabalhadores”, salienta o sindicato.

PUB