A Câmara do Comércio de Angra do Heroísmo (CCAH), nos Açores, reiterou hoje a necessidade de dar seguimento à privatização da Azores Airlines e defendeu “uma negociação direta com o consórcio vencedor”, criticando “a instrumentalização” do processo.

“Esta Câmara do Comércio vem reiterar a necessidade de se prosseguir o processo de privatização, com determinação e assertividade, através de uma negociação direta com o consórcio vencedor, que garanta a sobrevivência da companhia, qualidade do projeto, manutenção dos postos de trabalho, e a projeção dos Açores no mundo, manifestando total confiança no Governo na consecução deste objetivo”, lê-se num comunicado de imprensa da associação empresarial das ilhas Terceira, Graciosa e São Jorge.

Manifestando “surpresa e inquietação” perante as recentes notícias sobre a Azores Airlines e o seu processo de privatização, a CCAH considera que “é clara a instrumentalização” que está a ser feita do processo, com o objetivo de “não privatizar a companhia, o que ditaria o seu fim e o despedimento de milhares de trabalhadores, com claros e graves impactos na economia regional”.

O júri do concurso, liderado pelo economista Augusto Mateus, manteve a decisão de aceitar apenas um concorrente no relatório final, mas admitiu reservas quanto à capacidade do consórcio Newtour MS Aviation em assegurar a viabilidade da companhia Azores Airlines, responsável pelas ligações com o exterior do arquipélago

A Câmara do Comércio salienta que não estão em causa as competências técnicas de Augusto Mateus, “e muito menos o seu bom nome”, mas considera que “não é fácil de entender” que o economista tenha dado na apresentação dos resultados do concurso uma nota ao consórcio vencedor, que equiparou a “bom pequeno” e, “passados alguns meses”, na divulgação do Relatório do Júri, “colocar reservas sobre o consórcio”.

A associação empresarial faz ainda referência às “recentes notícias que abordam as supostas conclusões de uma reunião interna do Conselho de Administração” da SATA, “sem que tenha sido emitido qualquer comunicado sobre essa suposta reunião e o parecer referido”.

Os Açores e a Azores Airlines “não podem continuar a ser bola de ténis na mão dos mesmos de sempre”, insiste a CCAH, acrescentando que “nem podem continuar a ser os açorianos a pagar estes pequenos e medíocres jogos de poder que consomem os […] já parcos e depauperados recursos financeiros”.

A CCAH insiste que o processo de privatização da Azores Airlines “deve ser transparente, como é apanágio nas democracias evoluídas, evitando-se, assim, a publicação de estados de espírito na comunicação social, que só servem para criar entropias a um processo que é público” e que “não deve causar transtorno à empresa, ao bom nome das instituições e apreensão aos seus trabalhadores”.

O conselho de administração do grupo SATA, que se encontra demissionário, já enviou parecer sobre o processo de privatização da Azores Airlines ao Governo Regional, manifestando “reservas sobre o consórcio NewTour MS Aviation e sobre as limitações do concorrente”.

Na semana passada, a secretária regional da Mobilidade, Berta Cabral, disse que “o Conselho do Governo é que decidirá e será a breve trecho”.

Segundo foi hoje anunciado, as companhias aéreas do Grupo SATA (Azores Airlines/SATA Internacional e SATA Air Açores) continuaram no primeiro trimestre de 2024 a trajetória de crescimento de passageiros e de receitas e atingiram em conjunto 68,9 milhões de euros (ME), num crescimento homólogo de 24%.

Na Azores Airlines, responsável pelas ligações do arquipélago com o exterior e atualmente em processo de privatização, os resultados líquidos naquele período ascenderam a 25,6 ME negativos (contra 22,7 ME negativos no período homólogo) e na SATA Air Açores, que faz as ligações entre ilhas, foram de 4,7 ME também negativos (o que representa uma melhoria de 2,3 ME face ao mesmo período de 2023).

 

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