O BE/Açores considerou hoje uma irresponsabilidade o facto de o Governo Regional ainda não ter anulado o processo de privatização da companhia aérea Azores Airlines e criticou o executivo PSD/CDS-PP/PPM por ainda não ter anunciado a nova administração da SATA.

Em comunicado, o partido lembra que no dia 09 de abril foi noticiado que a presidente do Grupo SATA, Teresa Gonçalves, apresentou a sua demissão, juntamente com o administrador financeiro, com efeitos a partir de 30 de abril.

“Salienta-se que se atingiu o dia 30 de abril e, tendo em conta a importância da SATA, a sua difícil situação e o processo de privatização em curso, o Bloco de Esquerda considera incompreensível que o Governo Regional ainda não tenha anunciado a nova administração, podendo ficar o grupo sem administração numa fase crítica da sua vida”, lê-se.

O BE considera ainda que o atual plano de negócios do Grupo SATA “está a ter resultados muito negativos que podem levar a companhia aérea a uma situação de emergência novamente”.

“Os resultados negativos do grupo SATA em 2023, que atingem os 37,6 milhões de euros (ME) de prejuízo (9,9 ME de prejuízo na SATA Air Açores e 26 ME de prejuízo na SATA Internacional) são um sinal muito preocupante do caminho muito perigoso para o qual o Governo Regional de direita leva o Grupo SATA”, alerta o partido.

Para o BE/Açores, o atual processo de privatização da Azores Airlines/SATA Internacional (que faz as ligações com o exterior do arquipélago) “tem de ser travado”, sendo também esta a posição do Sindicato dos Trabalhadores da Aviação e Aeroportos (SITAVA), do Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC), do Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil (SPAC) e “até mesmo do Conselho de Administração da SATA cessante”.

“Perante tudo isto, é incompreensível a posição do Governo Regional em manter o atual processo de privatização, quando tudo indica que este processo se encaminha para ‘enterrar’ a SATA”, segundo a nota.

António Lima, deputado e líder do BE/Açores, considera fundamental haver uma nova estratégia que tenha em conta o facto de a empresa ser fundamental para o desenvolvimento dos Açores, uma região ultraperiférica.

“A SATA Internacional é fundamental para a mobilidade dos açorianos e açorianas, para o desenvolvimento da economia e até mesmo para a autonomia económica da região”, salientou citado na nota.

O BE recorda que levou este mês ao parlamento açoriano uma proposta para a anulação imediata da privatização, mas foi rejeitada com os votos contra da coligação PSD/CDS-PP/PPM, do Chega e da Iniciativa Liberal.

O conselho de administração do Grupo SATA, que se encontra demissionário, já enviou o seu parecer sobre o processo de privatização da Azores Airlines ao Governo Regional, manifestando “reservas sobre o consórcio NewTour MS Aviation e sobre as limitações do concorrente”.

O júri do concurso, liderado pelo economista Augusto Mateus, manteve a decisão de aceitar apenas um concorrente no relatório final, mas admitiu reservas quanto à capacidade do consórcio Newtour MS Aviation em assegurar a viabilidade da companhia.

Na semana passada, a secretária regional da Mobilidade, Berta Cabral, disse que “o Conselho do Governo é que decidirá e será a breve trecho”.

O Grupo SATA detém também, para as ligações entre as ilhas dos Açores, a SATA Air Açores.

 

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