O tema das alterações climáticas não é novo nem sequer recente na agenda política internacional. Contudo, creio que a sua importância tem sido menorizada, ao longo dos anos, pelos principais líderes políticos nacionais e internacionais. É por isso que considero de elementar importância destacar aquilo que têm sido as mais recentes implicações deste fenómeno, debruçando atenções naquilo que tem sido a seca generalizada que se tem feito sentir no mundo.

Com efeito, a título de exemplo, o rio danúbio é, atualmente, um pilar determinante no que concerne à agricultura e ao transporte de diferentes tipos de mercadorias. Facto é que a seca que se tem feito sentir, fruto do incremento das temperaturas máximas registadas, tem criado constrangimentos muito significativos na passagem de barcos, o que provoca um atraso considerável no transporte feito através daquele rio.

Se observarmos o que se tem passado noutras latitudes, França e Suíça, por exemplo, tem registado uma ausência muito assinalável de água nas suas montanhas e rios. Se pensarmos na importância da neve para aquelas regiões do globo no que ao turismo diz respeito, tem um impacto crucial que afeta de sobremaneira a economia daqueles países. Além disso, a falta de neve também tem como consequência a falta de água naquelas montanhas e rios adjacentes, o que é um flagelo para as populações residentes e que, necessariamente irá aumentar as temperaturas no verão deste ano. Por outro lado, já há registo de países em que começam a ser implementadas restrições no consumo e utilização de água, como é o caso da Colômbia, por exemplo, o que é alarmante visto que estamos apenas a meio do ano e no início daquilo que se prevê um período de altas temperaturas sem memória. Em África, são inúmeros os campos agrícolas que se encontram sem capacidade para produzir de forma regular, fruto da ausência de água, fundamental para o cultivo naquela região, o que faz com que cerca de vinte e quatro milhões de pessoas estejam em risco iminente de fome.

A pergunta que todos fazemos é a seguinte: como combatemos este flagelo? A resposta poderá ter sido encontrada por 6 jovens portugueses que, num ato histórico de coragem processaram 32 países do Conselho da Europa por inação climática. O caso deu entrada no Tribunal Europeu dos Direitos Humanos e, apesar de ter sido indeferido, foi um momento fundamental para percebermos que há ainda quem saiba como lutar por aquilo que são os seus direitos, liberdades e garantias de forma ordeira, em contraponto com aquilo que têm sido as ações extremadas de determinados grupos organizados que procuram passar a sua mensagem relativamente à emergência climática de forma muito questionável.

Ao mesmo tempo que o processo dos referidos jovens foi avaliado, também foi analisado um caso de uma organização de idosas suíças e que o referido tribunal deu deferimento, o que faz com que esta decisão de afigure como histórica no panorama internacional. Foi a primeira vez que o Tribunal Europeu dos Direitos Humanos deliberou acerca de um caso que incide sobre a questão das alterações climáticas.

Saibamos utilizar os mecanismos adequados para fazer valer os nossos argumentos em vez da radicalização e polarização dos nossos comportamentos.

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