A campanha eleitoral nunca deixa tempo para pausas. Pelo menos na CDU, tem de ser assim: o contacto com os trabalhadores e as populações é essencial, sobretudo para ouvir. Normalmente, procuramos ouvir mais do que falar, porque a política é aquilo que acontece no dia a dia de todos e de cada um. Sem o conhecimento dos problemas que marcam a vida das pessoas, sem esse contacto, será o esvaziar das propostas que apresentamos, o nosso trabalho perde relevância.
Ouvimos sempre centenas de histórias de vida e só agora houve oportunidade para as trazer. A mãe que trabalhava a meio tempo e levava para casa menos de 400€, com os quais tinha de alimentar a sua filha e pagar todas as contas. Uma reforma de 300€ sem direito a RSI, pelos cortes impostos pelo governo regional. As explorações agrícolas que encerram, pelos custos de produção incomportáveis, e que ouvem que é o mercado a funcionar. A mãe que vendeu o apartamento para que o filho pudesse ir estudar para fora.
Cada uma destas e de muitas outras histórias de vida justificariam um artigo, mas vou abordar uma que, até à data, não tinha ouvido. Uma trabalhadora com licenciatura tinha saído há poucos meses de um estágio, o Estagiar L, e ficou nessa mesma empresa, a fazer o mesmo trabalho. Mas, enquanto que no Estagiar L, recebia 920€, quando terminou passou para o salário mínimo regional, ou seja, baixou significativamente o que recebia. Como é evidente, comprometi-me imediatamente a apresentar esta situação na Assembleia Regional, se a CDU tivesse eleitos.
Não estão em causa os méritos e os defeitos destes programas de estágio. O que está em causa é que se assuma como normal que trabalho altamente qualificado receba apenas o salário mínimo. Como se aceita esta perda significativa de rendimentos, apoiada com os dinheiros públicos que pagam o Estagiar L? Pode parecer uma frase feita, mas é inteiramente verdade: este é o resultado de décadas de política de direita, para servir um sistema económico que funciona à custa do trabalho da maioria, para enriquecer um punhado de capitalistas que, depois, nos vendem que tem de ser assim porque sempre foi assim. Mas a História mostra que, mais tarde ou mais cedo, todas as injustiças têm um fim. Também com cada uma destas será assim. E, demore o tempo que demorar, sem pressas, mas sem perder nenhuma oportunidade, cá estarão sempre o PCP e a CDU, para denunciar e combater cada uma destas injustiças!