Foto: Igreja Açores/HS

“Vamos todos pela cidade e multipliquemos estes olhares confiantes que levam esperança aos irmãos”- D. Armando Esteves Domingues, na celebração da Paixão e Morte de Jesus

O bispo de Angra exortou esta tarde, na celebração da Paixão e Morte de Jesus, que se assinala sexta-feira santa, os cristãos a serem sinal de esperança para “tantas vítimas inocentes das cidades dos homens” que, pelo mal e pelo pecado, impõem a cruz da exploração a “trabalhadores, jovens, mulheres e crianças”.

A partir dos olhares que a cruz provocou, durante o percurso de Jesus pela cidade de Jerusalém até ao Calvário, onde foi crucificado, o prelado começou por lembrar a cruz de cada dia que ainda hoje “pesa sobre tantas vítimas inocentes das cidades dos homens, provocadas por quem busca lucros desmedidos, poder sem regras, por quem massacra inocentes, explora trabalhadores, jovens, mulheres e crianças”.

A cruz, que hoje ocupa o lugar central em todas as celebrações e cuja adoração a Igreja propõe, apesar da dor e do sofrimento, também experimentados por Jesus e por cada um de nós, pode ser sinal de vida nova e de recomeço, desde que cada um a veja como uma oportunidade de conversão.

“A cruz não é morte mas caminho de uma vida nova”, enfatizou destacando a confiança e o amor como sendo chaves de leitura da cruz.

“Naquele caminho doloroso através da cidade de Jerusalém, Jesus vai encontrando pessoas, contemplando rostos, distribuindo misericórdia, mudando em alguns os sentimentos de raiva e morte” recordou o prelado.

“Já na cruz, introduziu no paraíso um ladrão, condenado como ele. O Seu sofrimento até ao abandono na cruz é a chave para a falta de unidade entre Criador e criação, de diálogo difícil entre os homens e destes com Deus, pois ele apaga o pecado, anula a distância, introduz na plena comunhão”, disse ainda D. Armando Esteves Domingues, lembrando que apesar do “pecado que faz pesar a cruz ainda mais”, ninguém fica para trás.

“Jesus não deixa ninguém fora do amor deste Pai que bem conhece, para quem não há bons nem maus, há filhos amados”, disse; apenas “amigos”.

“A confiança que leva Jesus a entregar-se ao Pai – nas tuas mãos entrego o meu espírito– é a mesma que nos deve fazer amar cada cruz e seguir em frente, recomeçar” disse D. Armando Esteves Domingues.

“Recomecemos todos e sempre, confiantes que Ele não desiste de nos amar! Vamos todos pela cidade e multipliquemos estes olhares confiantes que levam esperança aos irmãos”, concluiu.

Foto: Igreja Açores/HS

Durante a adoração da cruz, os cristãos foram convidados a deixar uma oferta para os lugares da Terra Santa, como é habitual. A designada “Coleta para a Terra Santa” nasceu por iniciativa dos Papas, para “manter uma forte ligação entre todos os cristãos do mundo e os Lugares Santos”, sendo a principal fonte de sustento das comunidades locais. São Paulo VI, através da Exortação Apostólica “Nobis in Animo” (25 de março de 1974), reforçou esta tradição, após a sua peregrinação de 1964 à Terra Santa.

Hoje mesmo o Vaticano anunciou que o Papa tem em vista a criação de um projecto humanitário a desenvolver em gaza e na Cisjordãnia que possa criar “oportunidades dignas de trabalho” para estas populações, que, sobretudo desde o passado mês de dezembro foram obrigadas a deixar tudo para trás por causa da guerra entre Israel e o Hamas.

Ao final da tarde haverá uma via-sacra seguida da procissão do Senhor Morto pelas ruas de Angra, se as condições meteorológicas assim o permitirem.

Amanhã, sábado santo, a Igreja debruça-se, no silêncio e na meditação, sobre o sepulcro do Senhor e a única celebração primitiva parece ter sido o jejum.

A Vigília Pascal é a “mãe de todas as celebrações” da Igreja, evocando a Ressurreição de Cristo.

Cinco elementos compõem a liturgia da Vigília Pascal: a bênção do fogo novo e do círio pascal; a proclamação da Páscoa, que é um canto de júbilo anunciando a Ressurreição do Senhor; a série de leituras sobre a História da Salvação; a renovação das promessas do Batismo, por fim, a liturgia Eucarística.

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