As Mulheres de hoje são o retrato das Mulheres de sempre. As Mulheres de hoje são o produto das Mulheres que tiveram um papel significativo na luta feminista, daí ter decidido chamá-las, neste artigo, por «Mulheres de Sempre». Estas são intemporais! A luta feminista é a luta pelo desapego dos padrões patriarcais e igualdade de direitos entre mulheres e homens. Ser-se feminista não é sinónimo de consigo levar a reboque o rótulo da atualmente tão proferida expressão «energia masculina» de algumas mulheres, usada de modo desmesurado e sem o seu verdadeiro sentido.
O desapego dos dogmas não é fácil, mas é possível. Portanto, relembremos e celebremos acontecimentos que melhoraram a nossa sociedade e ajudaram ao empoderamento feminino, tais como a Constituição da República de 1976 que consagrou no ordenamento constitucional português a igualdade de direitos das mulheres e a Lei Eleitoral de Março de 1911 que determinava e reconhecia o direito de voto a todos aqueles que eram considerados chefes de família. Esta Lei não excluía o direito de voto das mulheres. Todavia, tratando-se, na altura, de uma sociedade profundamente patriarcal, também não o reconheceu. Por chefe de família entendia-se ser todo aquele que há mais de um ano vivesse em comum com qualquer ascendente ou descendente, tio, irmão ou sobrinho, ou com a sua mulher e provesse aos seus encargos.
Beatriz Ângelo teve a coragem e audácia de debater o conceito de chefe de família nos tribunais portugueses, ela que era viúva, médica e tinha uma filha ao seu encargo. Beatriz Ângelo foi a primeira mulher a votar em Portugal e também a primeira mulher a realizar uma cirurgia.
Hoje é um dia importante! É dia de recordarmos as Mulheres que quebram barreiras e rebatem estereótipos, que não se conformam com papeis secundários, porque o papel da mulher não está pré-definido. É dia de homenagearmos toda e qualquer mulher que ambiciona mais, que lidera, que pela sua determinação segue em frente e consegue, que segue em frente e não consegue, mas tenta de novo. É dia de homenagearmos todas as mulheres que não perdem a sua individualidade no meio dos dogmas e preconceitos e não cedem ao caminho mais fácil, se o não querem.
É dia de homenagear as Mulheres de Alto Valor! Um conceito que a seu tempo substituirá o de «mulheres com energia masculina», não raras vezes usado de modo depreciativo.
Como já anteriormente terminei um texto que escrevi para de um modo pessoal celebrar o dia 8 de março, volto a fazê-lo no mesmo registo e com o mesmo sentido: um Feliz dia para a minha Mãe que pelo seu percurso de vida, por não ter tido um trajeto repleto de oportunidades, mas que ainda assim, fez com que as oportunidades lhe surgissem. Também ela acreditou, persistiu e Fez acontecer. O verdadeiro retrato de uma Mulher de Alto Valor!
