Muitos dos eleitores que estão hoje a votar nos Açores em mobilidade para as eleições legislativas fazem-no por razões pessoais e profissionais e para não deixarem de cumprir um dever cívico.
Em Ponta Delgada, na ilha de São Miguel, as três mesas de voto em mobilidade funcionam no edifício da Câmara Municipal, situado junto das Portas da Cidade, no centro histórico.
Aquele local tem hoje um movimento fora do comum, devido ao funcionamento das mesas de voto, em dois locais distintos, e pela presença de funcionários da autarquia que, à porta, informam os eleitores sobre os locais onde se devem dirigir.
Em Ponta Delgada inscreveram-se para votar antecipadamente 1.385 eleitores.
Uma fonte da autarquia disse à agência Lusa que até às 11:00 locais (12:00 em Lisboa) tinham votado 376 pessoas, um número “um bocadinho maior” do que aquele que foi registado nas anteriores legislativas.
Alguns eleitores inscreveram-se para votar antecipadamente por razões pessoais e profissionais e outros porque, se assim não fosse, não teriam possibilidade de votar, uma vez que no dia das eleições estão longe de casa, como acontece, por exemplo, com dois estudantes da Universidade dos Açores, que são oriundos do continente.
Manuel Martins, de 20 anos, natural de Viana do Castelo, votou hoje pela primeira vez em Ponta Delgada: “Como no próximo fim de semana não posso estar lá [no continente], votei hoje”.
O jovem que votou pela primeira vez referiu que optou pelo voto antecipado para poder dar a sua opinião sobre o que pensa “que deve ser o futuro do país”.
Ao seu lado, a colega Margarida Pereira, de 23 anos, natural do Porto, também votou hoje por no próximo fim de semana não se deslocar a casa: “Assim, vim exercer hoje, aqui, o meu direito e dever. Fazer lá ou cá, não importa, é igual”.
A estudante universitária admitiu que podia não votar nas legislativas, mas decidiu fazê-lo por considerar que “todos têm o direito de expressar o que se quer”.
“E é o nosso futuro [dos jovens] que está em causa”.
O casal de assistentes técnicos Gaudino Teixeira (51 anos) e Maria Teixeira (48 anos), residente em Ponta Delgada, votou antecipadamente porque no dia das eleições a mulher está a trabalhar e para votar teria de se deslocar.
“Assim, já votei hoje e fiquei despachada”, disse a mulher, enquanto o marido antecipou o voto “para lhe fazer companhia”.
Maria Cabral, de 72 anos, residente na Fajã de Cima, votou em mobilidade pela primeira vez porque no dia 10 vai estar fora da ilha de São Miguel e não queria deixar de cumprir o seu dever, como sempre fez.
A mulher considerou “importante que as pessoas cumpram o seu dever e votem nas eleições”.
Por motivos de fé – por serem romeiros e no fim de semana de 09 e 10 estarem ausentes de casa – votaram hoje António Cordeiro, de 64 anos, reformado, e Helder Camarinha, de 42 anos, professor.
“É um dever cívico que me cabe exercer”, justificou António.
Já Helder disse que o fez por não querer “deixar de exercer um direito” e que apenas é diferente de um dia de eleição normal “por ter mais uns formalismos e envelopes dentro de envelopes”.
A reformada Margarida Oliveira, de 68 anos, que após ter votado se sentou a aguardar pelo marido no muro do pequeno lago existente em frente do edifício dos Paços do Concelho de Ponta Delgada, disse que votou pela primeira vez antes do dia das eleições por estar ausente de São Miguel no dia 10.
“Como não vou estar cá, já votei e estou despachada. Cumpri, uma vez mais, o meu dever. Foi a primeira vez que votei antes [do dia das eleições], mas pareceu-me tudo igual”, declarou.
No total, segundo o Ministério da Administração Interna (MAI), pediram para votar hoje 208.007 eleitores.
O chamado voto em mobilidade permite aos eleitores votarem uma semana antes num concelho à sua escolha. Se não o fizerem, podem fazê-lo no dia das eleições, ou seja, no dia 10.