O Chega/Açores reafirmou hoje que o partido só estará disponível para viabilizar o Programa do Governo de coligação se integrar o executivo e se CDS-PP e PPM ficarem de fora, alegando que estes são pressupostos “mais do que legítimos”.

“Os pressupostos mantêm-se e acho que são mais do que legítimos. O povo disse que essa coligação não teria maioria absoluta, que iria precisar de outras forças políticas e nisto o povo é sempre muito sábio”, afirmou o presidente do Chega/Açores, José Pacheco, em declarações à agência Lusa.

O líder do Chega no arquipélago falava após uma reunião do partido, em Angra do Heroísmo, na ilha Terceira, onde foram analisados os resultados das eleições regionais antecipadas de 04 de fevereiro, em que a coligação PSD/CDS-PP/PPM venceu sem maioria absoluta.

José Pacheco insistiu que para o Chega votar a favor do Programa do Governo, os líderes regionais do CDS-PP e PPM, Artur Lima e Paulo Estêvão, respetivamente, não podem integrar o novo executivo liderado pelo social-democrata José Manuel Bolieiro.

“Mantenho a mesma posição. E tenho dito, nós temos de ter uma solução de Governo. Não podemos é ter algo que depois temos causas de problemas. E, no passado, nós percebemos quem é que chegou ao senhor Presidente da República a dizer que queria eleições quando estava a ser negociado um segundo orçamento. Isto é de uma irresponsabilidade e de uma falta de maturidade política que não se pode aceitar”, apontou o dirigente regional do Chega.

José Pacheco sustentou ainda que a “experiência de incidência parlamentar correu bastante mal” durante a primeira governação regional PSD/CDS-PP/PPM, alegando que “muitas vezes as soluções já vinham feitas”.

“Nunca ninguém nos consultou. Nunca ninguém nos pediu para colaborar na solução. Nós queremos fazer parte desta discussão. Queremos fiscalizar todos os compadrios que conhecemos. Queremos estar lá e vigiar”, vincou ainda.

José Pacheco afirmou que o Chega mantém, porém, a disponibilidade para o diálogo e para construir uma solução governativa.

“Não tenho nada contra as pessoas, mas na minha lógica, naquilo que é a lógica do Chega de governação, de pormos os Açores a andar mesmo e fazer as coisas diferentes, aqueles senhores têm demonstrado fazerem tudo para que as coisas não avancem”, considerou, referindo-se aos dirigentes regionais do CDS-PP e PPM.

Para o dirigente do Chega/Açores, o CDS-PP “foi às cavalitas de uma coligação”, porque “era a única tábua de salvação que tinha da sua sobrevivência política” na região.

“Nós fomos a votos e o povo deu-nos cinco deputados. Isto tem que valer alguma coisa. Não é andarmos aqui às costas uns dos outros”, disse, apontado ainda para os resultados eleitorais do PPM, no Corvo, referindo que o partido teve “uma derrota estrondosa” na mais pequena ilha açoriana.

A coligação PSD/CDS-PP/PPM, que governa a região desde 2020, venceu as eleições no dia 04, mas elegeu 26 dos 57 deputados da Assembleia Legislativa, precisando de mais três para ter maioria absoluta.

O presidente do PSD/Açores e líder da coligação, José Manuel Bolieiro, anunciou, na noite eleitoral, que iria formar um governo com maioria relativa, sem acordos com outros partidos.

O PS, que reuniu o seu Secretariado e a Comissão Regional após as eleições, em que alcançou 23 deputados, já anunciou que irá votar contra o documento. O presidente da estrutura, Vasco Cordeiro, assumiu uma obrigação de afirmar as diferenças do projeto político e honrar a confiança depositada nos 41.538 votos obtidos (37,18%).

O representante da República no arquipélago, Pedro Catarino, vai ouvir na segunda e na terça-feira os oito partidos com assento parlamentar (PSD, PS, Chega, CDS-PP, PPM, BE, IL e PAN), para depois convidar o partido ou partidos mais votados, ou aqueles que possam garantir estabilidade parlamentar, a formar governo.

As eleições de 04 de fevereiro ocorreram após o chumbo, em novembro, das propostas de Plano e Orçamento da região para este ano, devido à abstenção do Chega e do PAN e dos votos contra de PS, IL e BE. A situação levou o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, a dissolver o parlamento e a convocar eleições antecipadas.

 

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