O Governo dos Açores vai conceder, pela primeira vez, tolerância de ponto na segunda-feira aos trabalhadores da Administração Pública Regional da Ilha Graciosa, devido ao Carnaval, situação que é valorizada pelo município de Santa Cruz.

O executivo açoriano, liderado por José Manuel Bolieiro (PSD/CDS-PP/PPM), decidiu conceder tolerância de ponto aos trabalhadores da Administração Pública Regional da ilha Graciosa, na segunda-feira, dia 12 de fevereiro, “atendendo à especificidade, importância e período tradicional do Carnaval graciosense”.

Segundo o despacho publicado hoje no Jornal Oficial, a exceção vai para os trabalhadores dos serviços e organismos que, “por razões de interesse público, devam manter-se em funcionamento naquele período, em termos a definir pelo membro do Governo Regional competente”.

“Sem prejuízo da continuidade e da qualidade do serviço a prestar, os dirigentes máximos dos serviços e organismos referidos no número anterior devem promover a equivalente dispensa do dever de assiduidade dos respetivos trabalhadores, em dia a fixar oportunamente”, lê-se no documento.

O Governo Regional dos Açores justifica a decisão por o Carnaval na ilha Graciosa, ser considerado “um dos mais tradicionais nos Açores, tem história, tradição e memória, com uma grande quantidade de atividades, sendo celebrado com muita dança em vários locais da ilha, onde às típicas músicas da quadra se juntam o ‘baile mandado’ e ainda o ‘baile chocolate’”.

“Esta singularidade e espírito festivo que envolve toda a ilha, e os graciosenses e seus visitantes em particular, justificam que o Governo Regional reconheça a segunda-feira de Carnaval, como um dia importante para a comunidade local”, acrescenta.

O presidente da Câmara Municipal de Santa Cruz da Graciosa, António Reis, disse à agência Lusa que o despacho do executivo açoriano reconhece a importância do Carnaval, “não só a nível local, mas a nível regional”.

“O próprio município também deu, este ano, esta tolerância de ponto [aos funcionários]. E o Governo [Regional] acompanhou, para a Administração Pública Regional, [a tolerância de ponto para] os trabalhadores da Graciosa”, afirmou.

Segundo o autarca, o Carnaval “mexe com muitos setores” da economia da ilha e o município está a fazer uma “grande aposta” na dinamização do Carnaval, para captar “cada vez mais pessoas”.

O Carnaval da Graciosa é “intimista, de clubes, de salão, de dança, mas que ganhou uma cor diferente, principalmente através das suas fantasias [adereços utilizados], uma vez que todas as coletividades saem [à rua] com várias fantasias”.

“O ano passado foi, talvez, o ano em que vi mais emigrantes presentes no Carnaval e, este ano, já começaram a chegar muitos. Acredito que [os emigrantes] vão ultrapassar o número que tivemos no ano passado”, vaticina António Reis.

O autarca de Santa Cruz da Graciosa lembrou que, tradicionalmente, o Carnaval na Graciosa começa com o baile de passagem de ano.

O Carnaval na ilha que tem 4.095 habitantes, de acordo com o Censos de 2021, não deixa ninguém indiferente e, nos dias de folia, “não fica ninguém em casa”, segundo o autarca.

Em 2018 abriu as portas na ilha Graciosa um Museu do Carnaval, que funciona na Casa do Povo da Praia, e que reúne dezenas de fotografias, vídeos, documentos, fantasias e instrumentos.

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