O coordenador do ADN/Açores, Rui Matos, considerou hoje que os médicos têm sido “muito desprezados” na região, tanto pela coligação de direita como pela anterior gestão PS, e propôs que os profissionais do arquipélago recebam um incentivo de fixação.
O também cabeça de lista por São Miguel e pelo círculo de compensação às eleições regionais de domingo, que esteve reunido recentemente com o Sindicato Independente dos Médicos, falava aos jornalistas em Ponta Delgada.
Rui Matos indicou a falta de profissionais da saúde, as listas de espera para cirurgias e a oferta “muito mais apelativa” do privado como problemas do Serviço Regional de Saúde, referindo que a maior unidade de saúde do arquipélago, o Hospital do Divino Espírito Santo, em Ponta Delgada, é “o que está mais mal servido ao nível de médicos, o que está mais mal organizado”.
As soluções para fixar profissionais deveriam, no seu entendimento, passar por “aumentar o ordenado dos médicos, para que não fossem para o privado”, e dar aos trabalhadores que já são do quadro regional o mesmo incentivo monetário que é atribuído aos colegas vindos de fora.
“Se se dá esse incentivo a esses médicos que vêm para os Açores, porque não dar aos existentes, que já estão no quadro? Sentem-se discriminados face aos colegas”, referiu.
Rui Matos indicou ter tido conhecimento de que um médico em princípio de carreira nas ilhas tem um ordenado na ordem dos 3.200 euros brutos, pelo que, “retirando os descontos, leva para casa 2.500 euros”, um número que entende não ser apelativo.
O candidato sublinhou que “é preciso muitos mais” profissionais (segundo a lista de carência da região, faltam 136, entre hospitais e unidades de saúde).
Em janeiro de 2022, foi publicado o novo regime de fixação de médicos nos Açores, que contempla incentivos monetários entre 35% e 45%, entre outros apoios. Em julho de 2023, o executivo admitiu que o processo estava a ser moroso, sendo necessário agilizá-lo.
O dirigente disse ainda que é “uma má aposta” construir “um novo hospital na Ribeira Grande”, em São Miguel, porque isso ajudar a “dispersar os médicos”, e defendeu que se deve melhorar as instalações da unidade já existente.
O concelho da Ribeira Grande vai ter um novo centro de saúde, num investimento de mais de 20 milhões de euros, que permitirá aumentar a capacidade de resposta em várias valências, revelou em novembro o Governo dos Açores.
A região autónoma tem três hospitais: em Ponta Delgada (ilha de São Miguel), em Angra do Heroísmo (Terceira) e na Horta (Faial).
Questionado sobre uma sondagem da Universidade Católica para a RTP, Antena 1 e Público divulgada na terça, que não prevê a entrada do ADN na Assembleia Legislativa dos Açores, Rui Matos respondeu que “devia ser proibido fazer sondagens”, porque “atrapalham o trabalho de quase todos os partidos” e não refletem a realidade, por não representarem a totalidade dos eleitores.
O Presidente da República decidiu dissolver o parlamento açoriano e marcar eleições antecipadas para 04 de fevereiro após o chumbo do Orçamento para este ano.
Onze candidaturas concorrem às legislativas regionais, com 57 lugares em disputa no hemiciclo: PSD/CDS-PP/PPM (coligação que governa a região atualmente), ADN, CDU (PCP/PEV), PAN, Alternativa 21 (MPT/Aliança), IL, Chega, BE, PS, JPP e Livre.