O presidente da Iniciativa Liberal rejeitou hoje a ideia de que as eleições nos Açores possam significar uma antevisão do sufrágio para as legislativas, por considerar que a realidade regional é diferente da nacional.

“Estamos a falar de realidades completamente diferentes. O plano regional é completamente diferente do plano nacional. No caso dos Açores, estamos a falar de uma antecipação de alguns meses. É a democracia a funcionar”, afirmou Rui Rocha, após uma reunião com o conselho de administração do Centro Hospitalar de Leiria.

Reagindo pouco depois de o Presidente da República anunciar a data das eleições nos Açores, o líder da IL considerou “importante que as pessoas possam pronunciar-se com as soluções políticas que têm”. “Mas estamos a falar de planos completamente distintos. O plano regional tem as suas especificidades e o plano nacional tem também as suas características próprias e não faz sentido confundir os dois planos”, reforçou.

Sobre as palavras do primeiro-ministro na sua despedida e a possibilidade de haver algum arrependimento na decisão de António Costa em demitir-se do cargo, após o comunicado da Procuradoria-Geral da República, Rui Rocha afirmou que “não se trata de um parágrafo”. “Trata-se, infelizmente, de um livro de muitas deficiências na gestão de António Costa que chegou ao fim por demérito próprio”, constatou.

Segundo Rui Rocha, “desde o início deste processo que António Costa tem procurado criar uma narrativa que se demitiu por causa de um parágrafo”. “Isso parece-me francamente pouco credível. António Costa demitiu-se porque foram encontrados 75 mil euros em notas escondidas em livros do seu chefe de gabinete, que é uma escolha pessoal, numa situação absolutamente inenarrável”, acrescentou.

Para Rui Rocha, “tratando-se de uma escolha pessoal de António Costa jamais poderia continuar em funções depois de ter ali ao lado do seu gabinete uma situação destas detetada”.

“Demitiu-se porque o seu melhor amigo está também envolvido em situações pouco claras de tráfico de influências. Estamos a falar de António Costa não saber escolher as suas companhias”, disse ainda.

O líder da IL entende ainda que o primeiro-ministro se demitiu também porque “o país chegou ao limite em muitas áreas”.

“No SNS, como estamos a comprovar, na educação onde os resultados recentemente conhecidos do programa PISA revelam que há uma degradação das aprendizagens dos alunos portugueses condicionando o seu futuro. Na habitação, onde todos sabemos a crise instalada e onde o governo de António Costa, durante oito anos não foi capaz de gerar as soluções necessárias para que os portugueses possam ter uma casa acessível”, precisou.

Para Rui Rocha, “o modelo estava esgotado”. “As pessoas de quem António Costa se rodeou não são pessoas recomendáveis. Todos sabemos que um primeiro-ministro nunca sobreviveria com este tipo de situação a acontecer na própria residência oficial.”

O Presidente da República anunciou hoje a dissolução da Assembleia Legislativa dos Açores e marcou eleições regionais antecipadas para 04 de fevereiro, decisão que obteve parecer favorável de Conselho de Estado.

As eleições regionais nos Açores irão realizar-se cinco semanas antes das legislativas antecipadas anunciadas para 10 de março do próximo ano.

 

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