O líder do PS/Açores criticou hoje o que qualificou de desgoverno dos partidos de coligação na Região, que antes da audiência com o Presidente da República “diziam uma coisa” e depois afirmaram “o contrário”.

“Devo confessar que já há poucas coisas que me surpreendem nesta coligação de desgoverno. Antes de entrarem para a audiência com o senhor Presidente da República diziam uma coisa. Saem da audiência dizem exatamente o seu contrário”, sustentou Vasco Cordeiro, em declarações aos jornalistas.

O líder parlamentar do PS na Assembleia Legislativa Regional e antigo presidente do Governo dos Açores falava à margem de uma visita ao Porto de Pescas de Rabo de Peixe, concelho da Ribeira Grande, na ilha de São Miguel.

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, convocou uma reunião do Conselho de Estado para 11 de dezembro, depois de ter ouvido na quinta-feira os partidos representados no parlamento açoriano, na sequência do chumbo do orçamento regional para 2024.

O presidente do Governo açoriano de coligação (PSD/CDS-PP/PPM), José Manuel Bolieiro, tinha anunciado que o executivo tencionava apresentar uma nova proposta de Orçamento regional, tal como previsto na Lei de Enquadramento do Orçamento da Região Autónoma dos Açores, mas na quinta-feira declarou ter noção de que isso será “inútil” devido à manutenção das intenções de voto dos partidos que votaram contra o documento.

“Tanto finca pé fez nesta questão e que agora parece estar numa competição para saber quem é que defende mais a realização de eleições antecipadas”, disse o líder do PS/Açores, quando questionado sobre a posição declarada pelo chefe do executivo açoriano.

Segundo Vasco Cordeiro, “não há dado nenhum que existisse depois da audiência com o senhor Presidente da República que não existisse antes”.

“Era claramente notório que o Governo não está a ser capaz de corresponder aquilo que os Açores necessitam”, apontou o presidente do PS/Açores.

Vasco Cordeiro reiterou as críticas ao Governo de coligação nos Açores, garantindo que o “PS está preparado para as eleições, como sempre esteve”, aceitando “o veredicto que os açorianos entenderem dar”.

Segundo o líder regional socialista, os partidos de coligação “estiveram envolvidos”, ao longo da governação, “em tricas internas” e “guerras de protagonismo” e revelaram “incapacidade” para “dar segurança e estabilidade para os Açores e aos açorianos” para “enfrentarem os desafios com que estão confrontados”.

“O Governo e os partidos que o compõem alienou completamente aqueles que eram os apoios que detinha e acho que neste caso o melhor é devolver a palavra ao povo”, frisou Vasco Cordeiro.

As reuniões do Presidente da República com os partidos com assento na Assembleia Legislativa Regional dos Açores foram anunciadas na semana passada, logo a seguir ao chumbo do Orçamento regional para 2024.

Os documentos foram chumbados na quinta-feira passada, na votação na generalidade, com os votos contra de IL, PS e BE e as abstenções do Chega e do PAN.

O executivo chefiado por José Manuel Bolieiro (PSD) deixou de ter apoio parlamentar maioritário desde que um dos dois deputados eleitos pelo Chega se tornou independente e o deputado da IL rompeu com o acordo de incidência parlamentar. O Governo de coligação PSD/CDS-PP/PPM mantém um acordo de incidência parlamentar com o agora deputado único do Chega.

A Assembleia Legislativa dos Açores é composta por 57 deputados e, na atual legislatura, 25 são do PS, 21 do PSD, três do CDS-PP, dois do PPM, dois do BE, um da Iniciativa Liberal, um do PAN, um do Chega e um deputado é independente (eleito pelo Chega).

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