Fui à última Assembleia Municipal da Câmara Municipal da Praia da Vitória, que se realizou no passado dia 29 de setembro em São Brás, levando um conjunto de perguntas a colocar ao executivo PSD/CDS acerca do processo de despedimentos, que dentro de dias, colocará 36 pessoas sem trabalho.

Não estava sozinha. Encontrei um grupo daquelas que são as pessoas que se encontram nesta situação.

Todas essas pessoas, que lá se encontravam, colocaram as suas questões. Questionaram acerca da necessidade real de despedir, das incertezas da sua vida, dos compromissos mensais assumidos e para os quais não sabem como continuarão a pagar. Falaram das e dos seus filhos, da sua família e de comida na mesa. Falaram nas suas casas e nos seus tetos que poderão perder. Apelaram ao executivo e às deputadas e deputados municipais para que se juntassem e se unissem para se retrocedesse nessa intenção de despedimentos.

Pais e encarregados de educação também estiveram presentes e relataram a forma atabalhoada como o executivo PSD/CDS, em virtude dos despedimentos que decorrem, tinha informado de alterações drásticas na organização e funcionamento dos ATL de São Brás e Cabo da Praia. Fizeram-no tarde, a más horas, e sem tempo útil para que as famílias tentassem encontrar alguma solução compatível com os seus horários laborais.

Afirmaram que, embora, tenham proposto possíveis soluções, nenhuma destas foi tida em conta. A decisão unilateral estava tomada.

 

A sra. Presidente da Câmara Municipal da Praia da Vitória optou por não responder a nenhuma das pessoas presentes, e que lhe haviam colocado questões, no tempo destinado ao público. Remeteu-se ao silêncio e nem quando eram audíveis os soluços e visíveis as lágrimas de quem se sente injustiçada e com um futuro incerto, manifestou qualquer tipo de sensibilidade.

Já no decorrer dos trabalhos, após ser confrontada com a ausência de respostas, se ouviu a responsável por estes despedimentos, usar da mesma cartilha do Governo Regional: a culpa é dos outros! No entanto, esqueceu-se de que estas pessoas nunca foram chamadas a se pronunciar acerca da boa ou má gestão da Cooperativa Praia Cultural. Esqueceu-se, também, de que esta será, até ao momento, a única câmara do país a proceder a um despedimento coletivo. E, acima de tudo, esqueceu-se de que José Bolieiro, enquanto Presidente da Câmara de Ponta Delgada, em situação semelhante, optou por internalizar as e os trabalhadores. A mesma cor política com soluções diferentes! Uma decisão que já cheira a despotismo.

Na verdade, a sra. Presidente não respondeu às questões colocadas. Utilizou da sua sobranceria para disparar em várias direções, só caindo na realidade quando confrontada por um deputado da oposição que repetiu as palavras da sra. Presidente, proferidas em outra Assembleia Municipal, as quais indicavam que os despedimentos eram uma decisão política! Tudo dito.

Não é não poder. É não querer! Bem sei que não é fácil tomar medidas impopulares, mas quando sabemos que há outras opções e exemplos que nos indicam alternativas, deve ter-se a humildade de o reconhecer e inverter as decisões assumidas.

Mais do que questões de ego, as pessoas que assumem estes cargos, devem pensar nas e nos seus munícipes, no seu concelho e nas consequências das suas decisões.

O BE não está indiferente a esta situação e perante o silêncio do Governo Regional, levará ao parlamento regional este assunto. Sabemos que são poderes diferentes. Mas, também, sabemos que os despedimentos extravasam o contexto local, pois serão mais 36 pessoas que farão aumentar os números de desemprego regional. Será que o Governo Regional, após tanta campanha com a descida do desemprego, fica indiferente à possibilidade do aumento desse número?

É sabida a falta gritante de pessoas nos serviços regionais. A falta de pessoal nas escolas é um exemplo claro.

Veremos de que lado estão os partidos da coligação. Ao lado das e dos açorianos ou da intransigência da sra. Presidente da Câmara Municipal da Praia da Vitória?

Quer a coligação compactuar com o exemplo de despedimento às e aos empresários desta região, que de tudo fazem para manter os postos de trabalho?

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