O secretário-geral da Fenprof acusou hoje António Costa de ter um “ódio de estimação” pelos docentes e de ter dado, na segunda-feira, “razões acrescidas aos professores para continuarem a lutar” pela recuperação do tempo de serviço.

Mário Nogueira reagia às declarações do primeiro-ministro que, na segunda-feira à noite em entrevista à CNN e TVI, voltou a recusar a recuperação integral do tempo de serviço congelado (faltam seis anos, seis meses e 23 dias).

“O Dr. António Costa deu razões acrescidas para continuar a lutar”, afirmou o dirigente da Federação Nacional dos Professores (Fenprof), que hoje participou num protesto junto à residência oficial do primeiro-ministro, onde a plataforma de nove estruturas sindicais deixou uma moção exigindo medidas como a recuperação integral do tempo de serviço.

O líder da Fenprof acusou o primeiro-ministro de “estar a mentir”, referindo-se ao facto de a maioria das carreiras da função pública ter recuperado todo o tempo de serviço congelado e de existirem desigualdades entre docente, uma vez que os professores das ilhas dos Açores e da Madeira também conseguiram que todo o tempo de serviço fosse contabilizado.

Mário Nogueira lembrou ainda que o custo da recuperação integral do tempo de serviço é hoje muito inferior aos valores avançados há cerca de cinco anos, quando o parlamento se preparava para autorizar a medida, que não passou devido à oposição dos deputados do PS e PSD.

Para o dirigente sindical, António Costa “tem um ódio de estimação aos professores”, que vão continuar a lutar pela contabilização dos dias que trabalharam.

“Não estamos disponíveis para continuar a ouvir o senhor primeiro-ministro a mentir, para continuar a ouvir o senhor ministro com o seu ódio de estimação em relação as professores. Penso que o senhor ministro tem um problema com as escolas e com os professores”, disse, pouco antes de ser votada uma moção assinada por nove estruturas sindicais que “exigem soluções” e o fim da “desvalorização da profissão”.

A uma semana da apresentação da proposta de lei do Orçamento do Estado para 2024, centenas de professores e educadores concentraram-se junto à residência oficial do Primeiro-Ministro, a quem pediram uma audiência e deixaram a moção aprovada pelos presentes.

A moção lembra a precariedade de quem anda “com a casa às costas”, o envelhecimento da classe e a desvalorização dos salários, que tem sido agravada pela inflação e aumento do custo de vida.

Melhores condições de trabalho e o fim dos horários “esmagadores que ultrapassam largamente os limites legalmente estabelecidos” foram outras das reivindicações que se ouviram hoje pelos sindicalistas presentes.

As organizações sindicais de professores voltaram a dizer que não pedem que “todos os problemas sejam resolvidos de uma só vez”, mas não abdicam de discutir e negociar soluções que deem resposta aos problemas até ao final da atual legislatura.

Além da Fenprof e da Federação Nacional de Educação (FNE), fazem parte da plataforma a Associação Sindical de Professores Licenciados (ASPL), Pró-Ordem dos Professores (Pró-Ordem), Sindicato dos Educadores e Professores Licenciados (SEPLEU), SINAPE, Sindicato Nacional e Democrático dos Professores (SINDEP), Sindicato Independente de Professores e Educadores (SIPE) e Sindicato Nacional dos Professores Licenciados pelos Politécnicos e Universidades (SPLIU).

PUB