Após umas merecidas férias a que todos temos direito, voltamos lentamente ao ativo. Os nossos representantes é que já estão numa verdadeira roda viva. Uns em jornadas parlamentares, outros em universidades de verão, alguns senadores reunidos em conselhos pouco recomendáveis face às fugas do edifício e, à data que escrevo, uns quantos deputados fechados numa sala dedicada a um estafado remake sobre a SATA. Desta correria dos nossos ilustres representantes, cumpre-me destacar três eventos esclarecedores ou não e que até têm títulos apelativos para um bom filme ou livro. Ora vejam:

I-             O silêncio de Costa

Nos últimos dias foi tema para comentadores e políticos se entreterem durante horas. Parece que o senhor Primeiro-Ministro, na recente reunião do Conselho de Estado, ouviu poucas e boas dos seus “amigos” Marcelo, Cavaco, Marques Mendes e outros relativamente ao estado da nação e optou por um estrondoso silêncio. Foi de sábio, dizem uns. Foi um desrespeito, dizem outros. E andámos nisto uns dias. Da minha parte, o alegado blackout levou-me até Séneca que deixou para a posteridade o seguinte ensinamento: “Cala-te primeiro se queres que os outros se calem.” Temo bem, ainda para mais com o que se vai dizendo de putativos candidatos às europeias pelo PS, que Marcelo e os demais amigos dentro e fora dos partidos, pós veredito popular, não cumpram Séneca e muito menos Confúcio que defendia que “o silêncio é um amigo que nunca trai.”

II-            Há medo no Corvo

Eu que julgava que os nossos concidadãos corvinos, pelas adversidades a que estão sujeitos, eram um povo de uma valentia impar, fui surpreendido com declarações públicas que apontam um povo amedrontado, com receio de se exprimir publicamente. Esse é, segundo ouvi, um dos maiores problemas da nossa mais pequena ilha. Clima de medo e de opressão? No Corvo?! Apesar de contextualizar tais afirmações numa acesa luta política local, tenho que dizer que não era preciso ir tão longe. Parece-me uma afirmação muito exagerada. E convém ter presente, como nos disse Friedrich Hegel, que “quem exagera o argumento, prejudica a causa.” E a causa terá de ser sempre a melhoria da vida dos Corvinos!

III-           Inquérito 37

Aí está mais um inquérito parlamentar à SATA. Já ninguém sabe ao certo o número de inquéritos, debates, discussões e afins sobre a SATA. A análise está feita há muito tempo. Todos sabemos as responsabilidades de uns e de outros. Todos sabemos os erros e omissões grosseiras. Todos sabemos o suficiente para dispensarmos voltar ao que está debaixo do tapete. Tapete este que tem dimensões muito significativas. Ou será desta que haverá consequências? E essas consequências serão mesmo competência de um órgão político? Não me parece… Daí entender que a rodagem a que iremos assistir era dispensável. Querem saber como vai acabar? Vejam até ao fim…

 

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