A queda da cobertura do palco principal da Semana dos Baleeiros, os maiores festejos do concelho das Lajes do Pico, nos Açores, que causou três feridos, ocorreu devido a um “fenómeno extraordinário atmosférico”, disse hoje a presidente da autarquia.
A presidente da Câmara Municipal das Lajes do Pico, Ana Brum, disse à agência que as previsões meteorológicas para domingo não previam o que aconteceu naquele dia, referindo que se verificou “um fenómeno extraordinário atmosférico e muito localizado”.
“Aquilo foi uma coisa esporádica e não era previsto. (…) O nosso fiscal municipal acompanhou todos os procedimentos do palco. (…) Foi um fenómeno que não se estava à espera, inclusive, estava um outro palco que temos pequeno com as filarmónicas a tocar [e] cancelámos o segundo concerto da filarmónica. E, portanto, nunca avançaríamos para o palco principal com aquela meteorologia”, disse.
Segundo o gabinete de comunicação do Serviço Regional de Proteção Civil e Bombeiros dos Açores, os três feridos foram inicialmente transportados de ambulância para o Centro de Saúde das Lajes do Pico e posteriormente enviados para o Hospital da Horta, na ilha vizinha do Faial.
Segundo testemunhas no local, a estrutura terá colapsado devido ao vento forte que se fazia sentir no domingo, o último dia dos festejos, em honra da Senhora de Lourdes, padroeira dos baleeiros.
As testemunhas acrescentaram que a tragédia só não foi maior porque o acidente ocorreu minutos antes de entrarem em palco cerca de meia centenas de músicos da Orquestra de Sopros do Município das Lajes, que iriam atuar em conjunto com a Mimo’s Dixie Band.
“O que aconteceu foi um dos técnicos de som e [dois elementos] da equipa dos ‘Mimos’, que iam tocar com a nossa orquestra, tinham ido ao palco ver as coisas e quando ouviram um barulho, quando houve a torção da estrutura superior, saltaram. O facto de saltarem para o chão, como o palco é alto, um deles teve uma entorse no pé e o outro uma fratura”, explicou Ana Brum.
A autarca acompanhou os três feridos ao Centro de Saúde, onde fizeram radiografias “para despistar qualquer problema”, mas pelo facto de um deles ter uma fratura, tiveram que se deslocar ao hospital da Horta.
“Os feridos foram ligeiros, um deles apenas para análise da situação, o segundo com um entorse e o terceiro com uma fratura”, acrescentou, adiantando que “já estão todos em casa”.
Roberto Silva, ex-presidente da Câmara das Lajes do Pico e pai de um jovem que se preparava para atuar na orquestra municipal, responsabiliza o executivo por “ignorar” os avisos sobre a localização do palco principal das festas, que considera ter ficado demasiado exposto aos ventos predominantes.
“Os sucessivos avisos, já em 2022, que a nova localização do palco principal da Semana dos Baleeiros corria sérios riscos de colapso, devido à exposição aos ventos, foram completamente ignorados e negligenciados”, lamentou o ex-autarca socialista, recordando que, no ano passado, “o palco foi arrastado pelo vento, pondo em risco a vidas das pessoas que atuavam e das centenas de espetadores que assistiam”.
A atual autarca garantiu à Lusa que foram cumpridos os procedimentos de segurança que um evento desta natureza exige.
“Em relação a outras Semanas de Baleeiros do passado, tivemos elementos de segurança que não eram usuais”, assegurou Ana Brum.
O palco foi adjudicado a uma empresa e “em nenhum momento, nem o coordenador de proteção civil, nem o fiscal [camarário] nem a empresa”, pensaram “que pudesse haver algum problema” com a estrutura, concluiu.