Da meloa de Santa Maria ao alho da Graciosa, os Açores têm nove produtos com certificação europeia, estando a manteiga em “fase final” de classificação, seguindo-se as candidaturas do borrego e do nabo da ilha mariense.
Em declarações à agência Lusa, o secretário da Agricultura e Desenvolvimento Rural do Governo dos Açores adiantou que, “provavelmente no próximo mês”, a região vai ter mais um produto com a classificação de Denominação de Origem Protegida (DOP).
“A manteiga está em fase final de classificação. Foi publicada no jornal da União Europeia a oposição ao produto para saber se algum país no mundo se opõe a que seja considerada DOP. Estamos à espera do resultado”, afirmou António Ventura.
O arquipélago açoriano tem nove alimentos classificados: seis com o ‘selo’ DOP e três com certificado de Indicação Geográfica Protegida (IGP).
“Todos os produtos qualificados com essa classificação jurídica, DOP ou IGP, são produtos que resultam de avaliação, quer jurídica, quer em termos organoléticos e de conteúdo, comparando o produto com todos os outros que existem no mundo”, explicou.
Entre os produtos DOP está o queijo de São Jorge, o ananás dos Açores/São Miguel, o maracujá de São Miguel/Açores, o mel, o queijo do Pico e a carne Ramo Grande.
Já a carne dos Açores, a meloa de Santa Maria e o alho da Graciosa estão distinguidos com a classificação IGP.
“Esses produtos únicos são cada vez mais procurados pelos consumidores. São produtos da terra. São produtos singulares de um determinado local”, reforçou.
O Governo Regional e a Associação Agrícola de Santa Maria estão também a trabalhar na candidatura à classificação DOP do borrego e do nabo da terra, típicos da ilha mais oriental do arquipélago.
“Essas duas candidaturas são, de facto, únicas. Nas restantes ilhas, o nabo da terra e o borrego não são iguais, quer pelas suas características organoléticas, quer pelo seu conteúdo nutricional, quer pela sua história. Isso deriva muito do cruzamento das condições edafoclimáticas daquela ilha”, salientou.
Atualmente estão a ser recolhidos elementos históricos sobre os dois alimentos, seguindo-se a realização de “testes científicos para provar que aqueles produtos são diferentes dos outros alimentos da mesma espécie”.
“A nossa vontade é avançar o mais rapidamente possível, provavelmente em 2024. Nós e a Associação Agrícola de Santa Maria estamos numa recolha de elementos históricos que provam que esses dois agroalimentos sempre foram produzidos em Santa Maria desde os primeiros povoadores”, destacou.
António Ventura reiterou, ainda, o compromisso de “valorizar” e “recuperar” os produtos “genuinamente açorianos”.
“Quantos mais produtos qualificados, melhor para os Açores. São produtos que estão adaptados às alterações climáticas. São agroalimentos que pelos ciclos vegetativos estão muito adaptados ao território e combatem as alterações climáticas com baixas emissões de carbono para a atmosfera”, disse o secretário da Agricultura e Desenvolvimento Rural do Governo açoriano.