O grupo parlamentar do PS/Açores alertou hoje para “um atraso de meses” na conclusão da empreitada da estrada da Ribeira Quente, São Miguel, e questionou o Governo Regional sobre as obras na única via de acesso à freguesia.

Em junho, a única estrada de acesso à Ribeira Quente, na ilha de São Miguel, esteve cortada ao trânsito cerca de 15 horas, devido a uma derrocada, obrigando 50 pessoas a pernoitar num centro social, na sequência da passagem da depressão Óscar.

Num requerimento, entregue no parlamento açoriano, o grupo parlamentar do PS/Açores assinala que a obra deveria ter sido concluída “até outubro de 2022”.

“O anterior Governo Regional, liderado por Vasco Cordeiro e da responsabilidade do PS, decidiu, em boa hora, a realização de um conjunto vasto de intervenções no troço Furnas/Ribeira Quente para melhorar as condições de segurança e da circulação automóvel naquela via”, lembrou o vice-presidente do grupo parlamentar do PS.

Citado numa nota de imprensa, Carlos Silva referiu que o Governo Regional do PS lançou o concurso público para a consolidação dos taludes naquela via, para “reduzir os riscos associados ao deslizamento de terras e queda de blocos”, que ocorrem com frequência, uma obra já adjudicada pelo atual Governo de coligação “PSD/CDS-PP/PPM, apoiado pela IL e pelo Chega”.

“A conclusão desta empreitada é de notória importância e isso mesmo foi ainda recentemente evidenciado pelas derrocadas ocorridas em junho passado, nas quais o semi-túnel, ainda em conclusão, permitiu salvaguardar e proteger o acesso, bem com pessoas e bens”, salienta o deputado.

Carlos Silva considera que a obra poderia estar concluída “antes da mais recente derrocada”, não fosse o “atraso de muitos meses na empreitada”, defendendo que o Governo Regional deve esclarecer “qual é o cronograma da obra e qual o novo prazo estimado para a conclusão das obras”.

“Mas há outras questões que se impõem. Porque é que há um atraso superior a 270 dias na conclusão da empreitada no troço Furnas/Ribeira Quente? Foi realizado algum pedido de prorrogação de prazos?”, questionam os socialistas.

O grupo parlamentar do PS/Açores pretende ainda saber se “o Governo Regional teve ou tem pagamentos em atraso relativos a esta empreitada”.

“Após ter anunciado publicamente, este Governo Regional já realizou alguma diligência para prolongar o semi-túnel na estrada de acesso à Ribeira Quente? Estas são questões que se impõem e para as quais não temos respostas”, acrescentou o vice-presidente do grupo parlamentar do PS açoriano, citado na nota de imprensa.

Em 12 de junho, o Governo dos Açores anunciou que vai estudar a possibilidade de criar uma alternativa de acesso à freguesia da Ribeira Quente.

“Esta é uma promessa não cumprida, com 24 anos [dos governos socialistas]. Este Governo Regional reconhece que há um problema, vai tentar estudar. Se fosse fácil já estava resolvido. Mas nós, em relação a este projeto, não viramos a cara à luta, ao que é necessário fazer e o que consideramos que é o adequado. Estudar, estudaremos”, afirmou, na ocasião, a secretária regional do Turismo, Mobilidade e Infraestruturas, Berta Cabral.

A criação de um caminho alternativo à freguesia da Ribeira Quente, no concelho da Povoação, é uma reivindicação desde 1997, altura em que uma derrocada causou a morte a 29 pessoas naquela que é considerada pelos especialistas como uma das zonas mais vulneráveis a fenómenos de vertente.

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