O BE/Açores vai entregar esta semana, no parlamento açoriano, um requerimento a questionar o presidente do Governo Regional sobre as obras na Calheta Pêro do Teive, em Ponta Delgada, entretanto interrompidas, anunciou hoje o seu líder.
O deputado e líder do Bloco, António Lima, que visitou hoje as obras, considerou que esta interrupção é “mais um episódio lamentável desta longa telenovela dramática que é a concessão desse espaço”.
António Lima recordou que a concessão da obra a um privado foi atribuída pelo Governo dos Açores, que tem estado num “silêncio comprometedor”.
O processo da Calheta de Pêro de Teive arrasta-se desde 2008, altura em que foi anunciado um novo espaço comercial na marginal de Ponta Delgada, a cargo da Asta Atlântida, agora detida pelo fundo Discovery, mas que nunca foi terminado.
Em 2016, o mesmo fundo apresentou uma “mudança radical” para as inacabadas galerias comerciais, que passava por demolições e redução de volumetrias, aproveitando o espaço para a criação de um hotel e de um jardim público.
O processo de reformulação do projeto de arquitetura só foi iniciado em 2018.
Em 2021, a autarquia intimou a Asta Atlântida a promover a demolição da obra inacabada das galerias comerciais da Calheta Pêro de Teive e a avançar com o novo projeto.
Contudo, as obras em curso na Calheta Pêro do Teive, em Ponta Delgada, tiveram de ser interrompidas devido ao aumento de custos de construção e só deverão ser retomadas em setembro, disse à agência Lusa fonte da empresa Asta Atlântida, em 22 de junho passado.
Questionada pela Lusa, a empresa referiu que, “em maio de 2023, o Fundo Discovery e a Asta-Atlântida tomaram a decisão de suspender as obras na Calheta Pêro de Teive”.
Segundo a Asta Atlântida, o objetivo é “garantir o equilíbrio financeiro, face ao contexto atual de aumento de custos de construção”.
Hoje, o dirigente do BE/Açores lembrou que, “em fevereiro de 2021, com pompa e circunstância, o presidente do Governo Regional, José Manuel Bolieiro, anunciou um entendimento entre a Asta-Atlântida, o executivo açoriano e o município de Ponta Delgada para a demolição das galerias [entretanto realizada], a construção de um espaço público e de um hotel”.
“Agora que pararam as obras, nós não ouvimos nenhuma palavra do presidente do Governo dos Açores sobre esta matéria e é devida uma explicação às pessoas da Calheta, aos munícipes de Ponta Delgada e aos açorianos em geral sobre o entendimento”, defendeu António Lima.
O bloquista afirmou que o Governo Regional do PS – que estava no poder quando se decidiu alterar o projeto – “não fixou um prazo para a construção do espaço e do hotel, fazendo com que a Asta-Atlântida, a seu belo prazer, adie, sempre que quiser, a construção”.
O líder do Bloco quer saber se o atual Governo Regional “impôs neste entendimento, que diz existir, algum prazo para a conclusão das obras”.
“Do ponto de vista político, a decisão de não definir prazos foi danosa”, frisou.