O Governo dos Açores revelou hoje que o aterro de 1.300 toneladas de resíduos de matéria orgânica estabilizada não crivada na ilha das Flores vai acontecer na zona da Saibreira da Boca da Baleia, no concelho das Lajes.

“Foram avaliadas várias localizações possíveis tendo-se elegido a Saibreira da Boca da Baleia, atendendo à proximidade que tem com o Centro de Processamento de Resíduos (CPR) das Lajes das Flores”, disse o secretário do Ambiente e Alterações Climáticas à agência Lusa.

Alonso Miguel falava após uma reunião com o presidente do Conselho de Ilha, os presidentes das câmaras municipais das Lajes e de Santa Cruz, os deputados regionais eleitos pelas Flores, as juntas de freguesias e técnicos da secretaria regional e da empresa responsável pela gestão de resíduos na ilha, a Resiaçores.

Em 20 de junho, o presidente do Governo dos Açores (PSD/CDS-PP/PPM), o social-democrata José Manuel Bolieiro, anunciou que iriam ser aterradas 1.300 toneladas de resíduos nas Flores, uma solução “excecional” devido à sobrelotação do CPR da ilha.

Hoje, o secretário do Ambiente e Alterações Climáticas insistiu que o aterro é a “melhor solução possível” e que a zona da Saibreira da Boca da Baleia é a “localização mais adequada”.

“Trata-se de um sítio que já foi alvo de um estudo de impacte ambiental previamente ao processo de licenciamento da saibreira, afastando assim riscos de proximidade a aquíferos e linhas de águas”, realçou.

Alonso Miguel reforçou que o composto estabilizado não crivado “não pode ser transportado por via marítima”, uma vez que está “infestado de baratas”, afirmando que a “eliminação por aterro após preparação e desinfestação” vai acontecer o “mais depressa possível”.

“Na visita ao CPR foi possível demonstrar aos presentes que não se trata de lixo, mas sim de composto tratado e estabilizado que não produz lixiviados, nem emissões de gases, cujo impacto ambiental é diminuto”, insistiu.

O governante lamentou a “muita desinformação” que existiu durante o processo, alertando que “na prática trata-se de aterrar matéria orgânica”, uma vez que os resíduos recicláveis vão ser exportados.

“Tal como acordado entre o Governo Regional e a empresa Transinsular, serão transportados nas próximas três viagens os resíduos recicláveis, o refugo e a madeira para destino adequado”, acrescentou.

O secretário regional recordou ainda que até ao final de 2023 está previsto um investimento de cerca de um milhão de euros no centro de resíduos da ilha do grupo Ocidental dos Açores.

“Estão a ser criadas as condições necessárias com um investimento superior a um milhão de euros no CPR das Flores, a concluir até final de 2023, para que esta situação não se volte a repetir no futuro”, disse.

Logo após o anúncio do aterro, o PS/Açores revelou que vai chamar ao parlamento regional, com caráter de urgência, o secretário regional do Ambiente.

Em 18 de maio, a associação ambientalista Zero alertou, em declarações à Lusa, que o CPR das Flores estava sobrelotado, apelando às autarquias da ilha e ao Governo dos Açores para levar o “assunto a sério” por uma questão de “salubridade pública”.

Em causa está a precariedade do porto comercial da ilha, que foi seriamente danificado em novembro de 2019 pela passagem do furação Lorenzo e, em dezembro de 2022, pela tempestade Efrain.

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