O presidente do Governo dos Açores disse hoje que pretende fazer da economia do mar um “projeto atlântico da União Europeia”, que possa “ombrear com os grandes blocos políticos, estratégicos, económicos e científicos do mundo”.

“A ambição do Governo dos Açores é fazer da economia do mar, da economia azul, um projeto atlântico da União Europeia e não apenas dos Açores, não apenas de Portugal, não apenas de Espanha. Mas um projeto estratégico, de uma dimensão e de uma projeção atlântica que provavelmente pode ombrear com os grandes blocos políticos, estratégicos, económicos e científicos do mundo, mesmo a leste”, disse José Manuel Bolieiro.

O Presidente do Governo dos Açores falava em Vigo, Espanha, na cerimónia de assinatura do auto de início de construção do navio de investigação da região.

O documento foi assinado pelo secretário regional do Mar e das Pescas, Manuel São João, e por Laudelino Alperi, CEO dos estaleiros Astilleros Armon.

Segundo a secretaria regional do Mar e das Pescas, a construção do navio de investigação, com um valor de 19.799.400,00 euros, acrescido de IVA à taxa legal em vigor, é financiado no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).

Numa declaração disponibilizada à Lusa, o presidente do Governo dos Açores salientou a importância do momento, que presenciou “com honra, com orgulho, com enorme expectativa”.

“É um dia histórico. Fazemos hoje aqui, neste ato singelo, história que vale a pena registar, tendo em conta a expectativa que temos no próximo futuro”, referiu Bolieiro.

Na sua opinião, o dia também é histórico “porque tem muito a ver com o futuro”.

“O futuro da humanidade – e cá está novamente este projeto ibérico a marcar pontos numa visão de futuro -, tem a ver com a sustentabilidade através de investigação e ciência que nos permita valorizar não uma economia extrativa, mas uma economia de potenciar recursos existentes, valorizá-los, potenciá-los”, salientou.

Na sua intervenção, o presidente do Governo dos Açores lembrou aos responsáveis pelos estaleiros de Vigo, que um passo futuro tem a ver com a mobilidade elétrica marítima nos Açores.

“Por isso, estamos também a desenvolver esse futuro, no caso, a partir da [empresa açoriana] Atlânticoline para potenciar a construção ou a aquisição no mercado internacional de navios que possam fazer a mobilidade marítima por modo elétrico no triângulo das ilhas mais próximas umas das outras”, disse.

E rematou: “Como se vê, há aqui uma realidade científica e de investigação que estamos a construir em conjunto, mas há ainda muito para percorrer, e ainda assim, também, no quadro do PRR e, por isso, em corridas contrarrelógio. Contamos com as vossas prestações, com o vosso saber e com a vossa capacidade”.

Numa nota publicada no ‘site’ oficial, o Governo açoriano (PSD/CDS-PP/PPM) explicou que “o prazo máximo para conceção, construção e entrega do navio é de 900 dias [cerca de dois anos e cinco meses]”, compreendendo o prazo de entrega do projeto para aprovação às entidades nacionais competentes e à Sociedade de Classificação, bem como o prazo de conclusão da construção e armamento e entrega do navio no porto da Horta.

O navio de investigação científica multidisciplinar visa capacitar o arquipélago de “uma plataforma tecnológica de acesso ao mar profundo do Atlântico Nordeste central, e em especial da Zona Económica Exclusiva do Arquipélago”.

Com 45,95 metros de comprimento e 10,5 metros de boca, o navio terá uma autonomia de 15 dias, dispondo de propulsão diesel elétrica.

Este investimento integra a medida do PRR – “Navio de Investigação” –, que faz parte da componente Desenvolvimento do “Cluster do Mar dos Açores”.

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