Os Açores registaram uma redução de 0,3% na produção de resíduos em 2022, apesar do crescimento do turismo e da retoma da atividade económica, revelou hoje o secretário regional do Ambiente e Alterações Climáticas.

“A produção de resíduos decresceu 0,3%. É uma quebra que é ligeira, mas é muito importante, sobretudo devido ao aumento dos fluxos turísticos que houve no ano passado e também da retoma da atividade económica”, adiantou o titular da pasta do Ambiente nos Açores, Alonso Miguel, em declarações aos jornalistas, em Angra do Heroísmo, na ilha Terceira, à margem da apresentação do Relatório dos Resíduos Urbanos dos Açores de 2022.

Segundo o governante, esta redução resulta sobretudo da aposta feita “na educação e sensibilização ambiental”.

“É preciso dissociar o crescimento económico da produção de resíduos”, defendeu.

Desde 2016 que a região registava um aumento na produção de resíduos, com exceção para 2020, em que houve um abrandamento da atividade económica devido à pandemia de covid-19.

Em 2022, a produção de resíduos baixou cerca de 400 toneladas, face ao ano anterior, com descidas nas ilhas do Faial, Graciosa e São Miguel.

O Corvo foi a ilha com maior crescimento, com cerca de 31%, o que, segundo a diretora regional do Ambiente e Alterações Climáticas, Ana Rodrigues, pode estar relacionado com uma maior atividade de construção civil.

Apesar da quebra, a região continua a produzir mais lixo ‘per capita’ do que o todo nacional, com 1,73 kg por habitante, por dia – era 1,74 em 2021 –, ​​​​​​​quando a capitação média nacional é de 1,4 kg.

A explicação está no maior número de importações da região, que exige um maior volume de embalagens, segundo a diretora regional.

O relatório apresentado hoje aponta também para um aumento de 3,4% na taxa de preparação para reutilização e reciclagem, que atinge agora os 33,4%.

Sete das nove ilhas dos Açores já estão acima da meta de 55% de reciclagem, estabelecida pela União Europeia para 2025.

Algumas ilhas já ultrapassaram até os 70%, mas as duas com mais população, Terceira e São Miguel, ainda estão longe da meta, com taxas de 19,5 e 28,5%, respetivamente.

Enquanto São Miguel cresceu 6,7%, a Terceira diminuiu 1,7%, mas o secretário regional do Ambiente disse estar convicto de que “será possível atingir” as metas estabelecidas para 2025, apesar de serem “ambiciosas e exigentes”.

“Há vários aspetos que vão contribuir para que nós possamos atingir as metas em 2025, desde logo a conclusão do ecoparque da ilha de São Miguel. Já está em funcionamento a central de tratamento mecânico, no próximo dia 04 de julho será inaugurada a central de tratamento biológico e, até final de 2024, início de 2025, é concluída a central de valorização energética de São Miguel, completando o ecoparque”, vincou.

A ilha Terceira, que apresenta uma taxa de reciclagem ainda mais baixa, já tem uma incineradora a funcionar há vários anos, mas necessita de investimentos em Tratamento Mecânico e Biológico (TMB), que são “muito avultados” e que o executivo espera que possam ser cofinanciados pelo próximo quadro comunitário.

Estão também previstos investimentos de 6 milhões de euros na reestruturação dos centros de processamento de resíduos das ilhas das Flores, Pico, Faial, Graciosa, São Jorge e Santa Maria,

O Relatório dos Resíduos Urbanos dos Açores de 2022 identifica ainda um aumento de 4% na valorização material e de 4,2% na retoma de embalagens.

Quanto à taxa de deposição de resíduos em aterro, desceu 1,8%, mas em São Miguel continua a ser de 67,7%.

Além de São Miguel, apenas as ilhas Terceira e Pico mantêm aterros, mas com percentagens mais baixas.

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