O presidente do Governo dos Açores anunciou hoje que vão ser aterradas 1.300 toneladas de lixo na ilha das Flores, uma solução “excecional” devido à sobrelotação do Centro de Processamento de Resíduos (CPR) da ilha.

“O aterramento não é gravoso do ponto vista ambiental e é a solução própria para evitar qualquer risco de saúde pública. Nós estamos a resolver bem, sob o ponto vista ambiental, e muito bem sob o ponto de vista de saúde pública”, declarou José Manuel Bolieiro.

O líder do executivo dos Açores (PSD/CDS-PP/PPM) falava à comunicação social durante uma visita ao centro de resíduos das Flores, localizado no concelho das Lajes, a propósito da visita estatutária à ilha.

A 18 de maio, a associação ambientalista Zero alertou, em declarações à Lusa, que o CPR das Flores estava sobrelotado, apelando às autarquias da ilha e ao Governo dos Açores para levar o “assunto a sério” por uma questão de “salubridade pública”.

Em causa está a precariedade do porto comercial da ilha, que foi seriamente danificado em novembro de 2019 pela passagem do furação Lorenzo e, em dezembro de 2022, pela tempestade Efrain.

O presidente do Governo Regional considerou “não existir alternativa” ao aterro porque, além das “dificuldades no transporte”, os resíduos estão com uma “infestação de baratas”.

Questionado sobre os prazos, o social-democrata afirmou que a operação vai decorrer o “mais rapidamente possível” e com a “máxima prudência”, garantindo que tal “não prejudica a pegada ambiental” da ilha que é Reserva da Biosfera da UNESCO.

“Importa enfrentar os problemas. Não disfarçar. Só enfrentando os problemas é que encontramos soluções. Por isso, este governo está bem ciente das dificuldades e é preciso fazer a pedagogia para uma solução (…). Estamos a tratar de uma situação absolutamente excecional”, afirmou.

Bolieiro realçou ainda que o Governo Regional já investiu um milhão de euros no CPR das Flores e seis milhões de euros nos centros de processamento dos Açores.

O secretário do Ambiente e Alterações Climáticas, Alonso Miguel, detalhou que não vai ser enterrado o refugo.

“Trata-se de 1300 toneladas de composto estabilizado não crivado. Esta solução está prevista em termos excecionais no Regime Geral de Prevenção e Gestão de Resíduos. Não é sequer uma solução inovadora. Este tipo de despacho de aterro já foi feito em altura da pandemia da covid-19 quando não havia capacidade de expedir resíduos”, destacou.

Na visita, a responsável pelo CRP das Flores, Nânci Nunes, alertou para as dificuldades em garantir o “normal funcionamento” do centro.

“Cada vez mais temos más condições de trabalho tendo em conta o que tem vindo a acontecer. Desde de fevereiro que não sai refugo. Desde fevereiro que temos dificuldades em garantir o funcionamento normal das instalações. Bem-vindos ao nosso problema”, avisou, logo no início da visita.

A 18 de maio, os presidentes das câmaras de Santa Cruz e das Lajes, nas Flores, pediram viagens mais regulares para conseguir escoar os resíduos acumulados na ilha, de forma a assegurar a operação durante a época alta.

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